sábado, 12 de janeiro de 2008

RH de uma empresa

Tenho uma amiga que começou a trabalhar no final do ano passado como estagiária, logo depois de se formar em Torino. A empresa ofereceu um trabalho de 40 horas semanais por um valor que eu considero baixíssimo. Só não vou escrever aqui sem a aprovação dela antes.

Em novembro, o RH da empresa ofereceu a efetivação a partir de março de 2008, depois do período de estágio pra ela. Tudo muito interessante, com o diploma ela poderia ser uma funcionária e não estagiária etc.

O que acontece, agora, é que o RH da mesma empresa, a informou de que "eles não podem contratar estrangeiros" e que ela poderia ficar com estagiária, ganhando o mesmo ínfimo salário que não paga nem aluguel + contas.

O cúmulo da burrice (sim, porque nesse caso não tem outra palavra) é o RH da empresa não saber das regras do próprio país em que está localizado. A Itália quer italianos trabalhando e permite que, uma vez por ano, as empresas apresentem pedidos para contratação de estrangeiros. Basicamente, se você for uma empresa e quiser contratar alguém muito competente que não seja Europeu, é uma vez por ano a chance de fazer isso, senão você fica obrigado a contratar um italiano menos competente.

O comentário que me vem na cabeça é uma sensação que tenho de vez em quando aqui e que faz muito mal: Ser estrangeiro aqui é uma humilhação muito grande. Você se sente pequeno, inútil, desrespeitado, um verdadeiro lixo. É isso que eu acho que o brasileiro oferece muito bem ao mundo: Calor humano de boas vindas.

E não é o caso de tirar um passaporte daqui não, é o caso de não ser parte disso aqui, de não se sentir em casa. De uma condição de temporário em um lugar.

Sinto muito por essa minha amiga, que vai embora pro Brasil com raiva (e com razão) e perderemos sua companhia aqui. É o anto-semitismo [burocrático] italiano mostrando as garras.

3 comentários:

Anônimo disse...

Envolve muita realidade um ditado do caboclo brasileiro. Embora nunca tenha viajado mais que algumas léguas, entende muito bem da humanidade, quando diz:
"CABRITO EM TERRA ALHEIA PISA NO CHÃO DEVAGAR".

Anônimo disse...

Não seria simples a sua amiga apresentar as Leis ao RH da referida empresa?

Palpiteiros disse...

Seria muito simples sim Tite, se não fosse a Itália. Quando eu citei o fato de ser uma única vez por ano, não deixei claro que a empresa dela NÃO consultou os prazos E os perdeu. Voltou a olhar o procedimento agora em Janeiro, bem depois do fechamento dos pedidos.
Ou seja, quem tem que saber das coisas, não sabe. Supõe-se, na minha opinião, que alguém que quer contratar entenda as regras de tal processo, não é mesmo? Obrigado pela visita!