sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Quem arruinou a Itália?

Foi Mussolini? Os americanos? Os franceses? Foi a Segunda Guerra? Eu não sei, mas outro dia no ônibus tive um palpite que me leva a crer que nem eles mesmos querem ouvir a resposta certa, se é que existe uma.

Depois de esperar por 20 minutos no ponto do ônibus (deveria passar 1 a cada 7 minutos), uma senhora entrou e sentou-se ao meu lado, reclamando do momento em que o motorista chegou até praticamente quando ela saiu do ônibus (o trecho que ela andou tinha aproximadamente 1,4 km).

Ela começou com o discurso básico, que não se respeita mais, que não se passa mais ônibus como antigamente, que não tem o controle pesado dos horários que tinha antigamente. Ou seja, tudo ERA e nada É. Estou replicando traduzidas as palavras da tal senhora. Continuando o discurso, por uns 2 minutos eu ouvi quieto e concordei porque ela realmente tem razão quando diz que os horários são desrespeitados.

Aí resolvi lançar um comentário, bem direto, dizendo que também não existe um controle sobre quem comprou a passagem ou não.
Abre parêntese. Na Itália e também na Europa (eu separei os dois pra conseguir lidar com a vida aqui) não existe cobrador. Você compra a passagem e carimba numa máquina que está dentro do ônibus. Uma vez em um milhão aparece um funcionário que verifica se todos estão "legais".
Fecha parêntese.

A senhorinha desembestou a falar, que realmente se todos pagassem o serviço seria ótimo, isso, aquilo, assim e assado. A chave de ouro foi quando ela virou pra mim e, antes de sair, confessou sua verdadeira e preconceituosa/xenofóbica opinião.

2 definições:
Comunidade Européia (nem eles sabem exatamente quem são) mas a grosso modo são os países que compõem a União Européia... Vou deixar assim, sei que tá errado, mas basicamente é isso.
Extracomunitário: Qualquer um que não possua o passaporte vermelho ou cidadania européia: EU.

A opinião:
"Sabe... O problema são esses extracomunitários que nunca pagam as passagens e quem paga somos nós. Eu desço aqui, obrigada pela companhia."

O placar empatou. Me senti ofendido porque EU sempre paguei as passagens, ao contrário da massiva maioria dos brasileiros que chega aqui e quer dar uma de esperto. É a mesma cabecinha que faz o Brasil ir pro buraco, embora os foras-da-lei não assumam isso.
Me senti ao mesmo lisonjeado porque ela elogiou indiretamente meu nível de italiano. Não percebeu que eu estava no grupo dos famigerados extracomunitários que ela tanto odeia.

A verdade pela qual a Itália está arruinada (palavras de outro italiano, um senhor, que reclamava em voz alta no ônibus) eu não sei qual é, mas só consigo pensar numa coisa: A Itália é governada por italianos, eleitos por italianos.

Portanto, repetindo:
Quem arruinou a Itália?
Está aberta a discussão...

2 comentários:

Anônimo disse...

A)- Pergunta de um consultor italiano, de alto nivel (setor de metais), contratado pela Votorantim, na época da nossa ditadura militar quando, prá variar a Itália vivia uma fase política muito turbulenta:
-Será que vocês poderiam emprestar um dos seus "generales", para endireitar a Itália?.
B)- Meu compadre Augusto, italiano, após trabalhar vários anos no Brasil, empregou-se por 2 anos, na Itália, para completar tempo de aposentadoria. Para minha surpresa, ao voltar, comentou sôbre os operários,seus patrícios:
"São muito preguiçosos"!
"Quem arruinou ...?" Boa pergunta!

Unknown disse...

Pois é, tah certo que chovem "extracomunitarios" que nao pagam a passagem do onibus, mas daih colocar a culpa neles (ou nos, no caso)? O povo italiano pode ter problemas com o pessoal que vem de fora, mas com certeza a cabeça retrograda desse mesmo povo é o grande responsavel pela Italia que vemos hoje.