domingo, 30 de dezembro de 2007

Aeroportos Europeus

Eu não sou um grande expert em aeroportos europeus, mas como entusiasta da aviação e, por conseqüência, aeroportos e tudo o que diz respeito a eles, me sinto livre pra comentar sobre uma outra reportagem que encontrei na internet. O texto original em inglês (Herald Tribune) pode ser encontrado aqui. O UOL postou também uma versão traduzida que talvez exija uma conta de e-mail do portal.

O interessante da reportagem é ler o que está escrito sobre a Itália, especificamente o aeroporto de Roma. Não vou estragar a surpresa, mas recomendo a leitura.

Minha experiência aeroportuária se resume a algumas visitas, que exponho na ordem de primeira ocorrência e número de ocorrências:
Paris/Charles de Gaulle (3 vezes) - França
Milão (2 vezes) - Itália
Vienna (1 vez) - Áustria
Paris/Orly (1 vez) - França
Amsterdam (1 vez) - Holanda
Genebra (1 vez) - Suíça
Bergamo (1 vez) - Itália
Düsseldorf (1 vez) - Alemanha
Helsinki (1 vez) - Finlândia
Tampere (1 vez) - Finlândia
Stansted (1 vez) - Inglaterra
Luton (1 vez) - Inglaterra
Torino (2 vezes) - Itália

A lista só serve pra comparação com a reportagem, mas posso dizer que:
A fila de controle de passaportes (tanto faz se é cidadão ou não) em Stansted é absurda. 90 minutos é o tempo que levei pra ser verificado e liberado.

As esperas são longas em todos, isso é fato. Só com raras exceções se consegue levar menos de meia hora pra fazer uma das atividades normais de aeroporto.

O irônico é que o Aeroporto de Paris, que foi dado como péssimo, nunca me deu problemas e sempre foi relativamente satisfatório. Acho que é porque eu gosto e curto essas visitas. Fiz uma caminhada de meia hora entre meu avião da Itália para Paris e o próximo, que iria pra São Paulo. Fui observando tudo. Tive 2 horas de intervalo entre vôos, então fiz tudo com calma.

Roma, pra ser honesto, não conheço, mas Milão é uma bagunça. O vôo chega e tem que esperar alguém pra trazer a escada até o avião. Depois a esteira de malas demora pra começar a rodar e, de quebra, a caminhada por túneis é longa e tediosa. Sem falar que não tem absolutamente nada de interessante pra fazer (nem uma arquitetura bonita).

Torino é mais simpático, mas não tem cara de aeroporto, tem cara de rodoviária de São Paulo - Tietê num domingo 13:00. Onde alguns poucos partem e outros chegam, sem nada aberto quase. 2 restaurantes e uma banca de jornais, basta.

O ponto interessante é o reflexo, na reportagem, do serviço ao consumidor italiano. Fique claro: Você, consumidor, é um infortúnio, um péssimo incômodo para os funcionários. Não peça ajuda, não espere clareza nas informações, afinal tá tudo escrito (onde, não sei, mas está).

Essas empresas de vôos low-cost escolhem aeroportos secundários, terciários ou quase inexistentes para pousar/decolar. É quase como se a discussão fosse:
- Hmmm, Aquela rodovia ali, se pousarmos, já entregamos os passageiros com o menor custo... Ah, tem que ser num aeroporto??? Droga...

Aí constrói-se um galpão de madeira e gesso acartonado (isolamento acústico ZERO, pq custa muito, embora o gesso permita isso), colocam umas 5 mesinhas e uma máquina de raio-x. Aí chamam aquilo de TERMINAL 2. E vc, passageiro, fica lá sentado esperando. É o preço para se voar low-cost!!.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Natal Italiano

Ser bem recebido tinha um conceito diferente antes dos 3 dias que passei em Reggio di Calabria, no Sul extremo da Itália. Na verdade, foi ainda mais ao sul, porque a cidade se chama Condofuri Marina.

A refeição natalina começou dia 23 e terminou no dia 25 de noite. Quase non- stop com coisas deliciosas pra comer.

Os moldes da refeição são geralmente assim:
Antepasto, Primo, Secondo, Fruta, Doce, Café (tem mistura de português e italiano na frase mesmo ok?).

O Antepasto é alguma coisa simples, como uns queijos, azeitonas etc., nenhuma novidade pra nós brasileiros. O primo, por sua vez, é alguma coisa diferente. Servido à base de massa, sempre, e com uma porção que normalmente já equivale a um almoço. O Secondo é carne (também em grandes porções) e geralmente acompanhado da salada (italiano come salada no final da refeição).

As frutas (típicas da região e principalmente cítricas) são servidas em um grande cesto. As "clementinas" são ótimas porque não passam de miniaturas de poncãs sem semente. Finalmente, quando se pensa que já acabou, servem um doce e oferecem café.

Finalmente, A Ceia de Natal:
Começa-se cedo, por volta de 20:00, e ficamos à mesa até por volta de 23:00. Tudo isso com aquele fluxo de coisas boas pra comer diretamente do forno. O mais diferente que notei foram os pratos à base de peixe e frutos do mar. Não foi servido tender, peru ou qualquer coisa desse tipo.

O almoço de Natal, ao invés de contar com sobras do dia anterior, contou com uma nova carne, dessa vez de cordeiro, muito macia.

As sobras serviram para o pequeno lanche da noite do dia 25. O "petisco" que fizemos foi tão completo quanto um lanche caseiro do Brasil. O famoso "Lanche Festivo".

O Sul da Itália. O povo do sul da Itália é muito acolhedor e eles fazem o possível e o impossível para deixar os hóspedes confortáveis. Se você é hóspede, será bem tratado e, via de regra, será servido. Ou seja, não lava louça, não tira a mesa, não põe a mesa e tudo o mais que se oferece normalmente pra fazer e dar um ajuda.

Só tenho a agradecer pelo excelente Natal que passei no Sul da Bota.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Pizza

A famosa Pizza Italiana!!! Muita gente espalha pelo Brasil que a nossa é melhor, que os italianos inventaram mas não fazem tão bem etc.

Bom, cada um gosta de uma coisa, mas que são diferentes (e muitos boas) isso são!

Inicialmente, os sabores que temos no Brasil mudam muito. Margherita, por exemplo, só conta com a folha de manjericão no sul da Itália (ainda a confirmar). Aqui seria o equivalente a pedir uma pizza de mozzarella (ou mussarela em brasileiro*) entre outros.

Mas vamos às diferenças reais da pizza em si:
Massa
Eles valorizam muito a massa, talvez pela tradição das "pastas" italianas. A massa é ligeiramente mais fina que a do Brasil e é muito gostosa, quase sempre crocante e sem o gosto de queimado freqüente nas pizzas tupiniquins. Sempre fica menos esfarelada. Difícil de explicar na verdade.

Recheio
Aí entra realmente o que mais choca os brasileiros: pouco queijo. Estamos acostumados a pedir uma pizza de mussarela e receber um círculo de mais ou menos uns 45cm de diâmetro com muito queijo derretido em cima. Aqui o valor maior é o molho de tomate. A Margherita deles é um círculo coberto de vermelho e pontos brancos. O vermelho é o molho (delicioso) de tomate e o branco, a mussarela.

Tamanho
A pizza aqui também não é como a normalmente servida nas pizzarias brasileiras. Tem um tamanho reduzido. Individual. Servida num prato grande mas que uma pessoa come sozinha.

Além disso, aqui nunca vi pizza com borda recheada, talvez porque não se encontre catupiry.

Eu não entro no mérito de qual pizza é melhor porque gosto das duas. E daqui a poucos dias vou experimentar a pizza napolitana. Essa dizem que é campeã!!! Veremos!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Cadeira de Rodas

Ônibus não muito cheio, pessoas sentadas e lugares vazios. Uma mulher estava com seu bebê em um carrinho e ocupava a vaga central do meio de transporte, a mesma designada e reservada a pessoas com mobilidade reduzida e/ou que usem cadeira de rodas.

O bom senso, que não tem tradução em italiano (pelo menos que eu conheça), indica que, quando não houver nenhum passageiro nas condições descritas acima, tais assentos podem ser utilizados livremente.

Em uma das paradas, uma mulher empurrava seu filho, em uma cadeira de rodas, pra dentro do ônibus, depois da ajuda da motorista (sim, mulher motorista de ônibus e desceu pra instalar a rampa pra cadeira de rodas). Prontamente, desocupei meu assento, dando lugar para a mãe do bebê, permitindo que ela movesse o carrinho onde ele dormia e deixasse livre a área designada para a cadeira de rodas. O carrinho enganchou, elas soltaram e, assim que liberaram o local, a passageira que empurrava a cadeira de rodas disse:
- Eh, aqui é o local para "disabili*"!! - Fazendo questão de pronunciar em alto e bom tom sua indignação por não ter encontrado o lugar livre dentro do ônibus.

*algo como handicapped em inglês e deficiente em português.

A moça que se prontificou a liberar o local tão logo viu a cadeira de rodas do garoto (e eu garanto, foi antes de abrir a porta do ônibus) ficou inconformada. Mesmo fazendo tudo certo ainda levou bronca.

Tá certo que é raro alguém aqui ceder lugar para idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou mesmo para mulheres gestantes (aliás, eu nunca vi uma mulher grávida desde que cheguei aqui... interessante isso...), mas nesse caso todos tentaram ajudar.

É incrível que, quando você pensa em ajudar alguém, é melhor ter certeza de que a única pessoa que vai se sentir bem com isso é você mesmo. Não espere ser valorizado. Eu mesmo já cansei de deixar o meu lugar para outras pessoas sentarem no ônibus e nunca receber nem mesmo um obrigado.

O cúmulo foi, relato de um amigo não verificado, quando ele ofereceu seu lugar a uma senhora e ela imediatamente colocou o cachorro (pequeno) sentadinho no banco do ônibus. É cada uma.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Posso ajudá-lo [a furar a fila]?

Já escrevi uma vez falando sobre filas e também já postei falando mais ou menos como funcionam atendimentos em geral. Agora o post é combinado, mas a situação é adversa também. A fila e o atendimento estão ligados.

Cheguei na papelaria para comprar um envelope e tinha uma pessoa na minha frente sendo atendida. Eu ainda insisto na teimosia de esperar e formar um fila, mesmo sabendo que não adianta pra nada.

Aí chegou minha vez, a atendente gentilmente perguntou: "Como posso ajudá-lo?" para o infeliz que estava atrás de mim. Como todo cidadão civilizado, seria natural esperar que ele, também gentilmente, comunicasse: "Ele estava na minha frente". Obviamente isso não teria virado um post para o blog se esse fosse o desfecho da história, portanto, o que ele fez?
Ele começou a pedir as coisas que queria. Eu fiz aquela cara de poucos amigos, olhei pra trás, resmunguei alguma coisa e a atendente se virou pra mim perguntando se eu já tinha sido atendido.

Simulando um comportamento italiano, respondi secamente: "Não, por isso estou na fila, gostaria, por favor, de um envelope". Ela me atendeu e pediu desculpas (pro infeliz que estava atrás de mim, não pra mim, que tinha sido deliberadamente ignorado).

Pois é. Se consegue, mas é uma selva! Respeito raramente é demonstrado por aqui mesmo, especialmente e principalmente com consumidores. Ah Procon, como faz falta poder usar seu nome por aqui.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Negócios

Imagino que alguma notícia sobre a falência e recuperação financeira da Alitalia, companhia aérea de "bandeira" italiana (A que representa o país), tenha aparecido nos jornais brasileiros. Caso não tenha acontecido, o resuminho é mais ou menos esse:

A Alitalia é do Governo Italiano (preciso continuar?) e está falindo. Má administração, enrolação, leis conflitantes e muita gente com vontade de botar a mão no bolo.

O caminho natural é a recuperação. O Governo tem recebido propostas e deverá analisá-las para dar uma resposta até o meio de janeiro. O prazo atual (meio de janeiro) é o quarto ou quinto estabelecido pelo "agilíssimo" governo.

Desde o ano passado os prazos são estabelecidos e sistematicamente ignorados, atrasando ainda mais a decisão sobre quem ficará com a companhia. O interessante é que existem, no momento, duas propostas concretas:
1 - AirOne e Banca San Paolo, o que manteria a Alitalia na mão de um italiano
2 - AirFrance (seria como se as Aerolineas Argentinas comprassem a VARIG ou a Air Canada comprasse a American Airlines).

Não sai da minha cabeça que esses adiamentos ocorrem porque a proposta dos franceses (que devo dizer, dão um show de competência e excelência no serviço) é infinitamente superior à dos italianos. Mas o orgulho nacional (que ainda existe, apesar daquela reportagem do NYTimes que comentei outro dia) é grande demais pra vender a companhia pros franceses.

Resultado: Dá pra confiar quando um italiano fala, numa reunião de negócios, que "vai te dar uma posição sexta-feira"? Talvez até dê, mas a julgar pela postura dos representantes do povo (sim, os políticos representam o povo), não se pode levar a sério praticamente nada do que diz um italiano sobre prazos, negócios e compromissos.

Enquanto isso a Alitalia voa, batendo asinhas como pode.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desperdício de Papel

Não é difícil encontrar um tema do qual os italianos gostam muito de falar. Criticam outros povos (literalmente os franceses e os americanos) porque poluem muito. Os franceses com suas usinas nucleares e os americanos com o desperdício (de tudo) na América do Norte.

Claro que qualquer povo tende a criticar outro sem olhar pro próprio umbigo, vide brasileiros criticando argentinos, sendo que eles têm uma qualidade de vida melhor e formam um povo que não tolera qualquer explicação esfarrapada de político. Mas, o post é sobre a Itália.

Junta a fome com a vontade de comer, aí o circo está montado. O italiano vê uma impressora e um comando "stampare" (imprimir em italiano) e clica. Se ele precisa daquilo em forma "cartacea" (papélica? papelácea? enfim...) é outro problema. Logo ao lado da impressora já se encontra um enorme lixo especial para reciclagem de papel.

Situação:
- Caspita, imprimi 20 páginas erradas, todas elas com o verso EM BRANCO que poderiam me servir perfeitamente de rascunho nas aulas e nos exercícios pra fazer nos cursos, vou guardar e imprimir novamente, dessa vez conferindo se a coisa está certa - diria qualquer personagem da Terra Perfeita (Aquele mundo sem resistência do ar e sem atrito).

Italiano:
- Caspita (ou piores)! [jogando tudo no lixo sem amassar ou rasgar]

(E uma galera lá em Bali, tentando convencer o mundo e eles mesmos de que o ambiente está pedindo socorro. Às vezes eu penso que a realeza deveria ser plebéia e vice-versa, por um dia. Talvez funcionasse e tudo ficasse claro.)

Eu que não sou bobo sempre pego umas folhas desses lixos. Como são exclusivos pra papel, é só retirar dali um calhamaço de folhas com pelo menos 70% de área branca pra usar à vontade, ao invés de gastar dinheiro comprando novas. As florestas agradecem e os finlandeses não tanto, eles que produzem muito papel, aliás.

E podemos começar a listar tudo o que [não] faz um italiano para economizar. Um francês, um estadunidense, um brasileiro, um finlandês, um alemão...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Nevou

Sim, amigos, finalmente!!!!

Os posts dos blogs italianos (leia-se, o Blog 10h24min do meu amigo José) são um pouco repetitivos, mas o motivo é nobre. O aquecimento global existe, mas ainda permitiu uma nevada em Torino. Começou por volta de 10:30 e atingiu seu pico de intensidade por volta de 12:15. Tive o prazer de caminhar debaixo da neve entre 12:30 e 12:50.

É uma sensação interessante. Quando entra no olho então, genial!!!! O mais engraçado é quando gruda na testa. Você tenta limpar e se molha. Descrever o aspecto da neve é complicado, mas acho que lendo a receita abaixo, todos podem entender como é mais ou menos.

Neve Artificial, o inverno num país tropical!
Ingredientes:

- Telhado térmico;
- Jornal (de preferência acumulado por uma semana);
- Tambor de metal com tampa;
- Tinta branca (spray de preferência de secagem muito rápida);
- 1 fósforo e sua caixa;
- Andaime (10m são suficientes);
- Ventilador;
- Ar condicionado;
- Termômetro.

Modo de preparar:
- Instale o telhado térmico no seu quintal ou área murada de aproximadamente 200m².
- Instale o ar-condicionado e regule-o para a temperatura de 2 graus Celsius (porque quem fala centígrado está dizendo uma coisa diferente de celsius e que não tem o mesmo sentido).
Enquanto o ar condicionado refrigera o ambiente, separe todas as páginas dos jornais, amasse-as e coloque-as dentro do tambor metálico.
- Acenda um fósforo dentro do tambor metálico e tampe de modo a permitir passagem de ar para a combustão.
(Vale dizer que se quiser aumentar a nevasca, basta usar mais jornal)
Ao final do fogo, dentro do tambor estarão milhares, senão milhões, de flocos de jornal queimado pretos. O truque aqui é usar o spray de modo a tingir todos os flocos de branco. Faça isso apontando o spray pra dentro do tambor por 10 segundos. Logo após, mexa o tambor de modo a misturar os flocos e repita a operação até obter uma coloração satisfatória. Reserve.

Quando o ambiente atingir a temperatura de 2 graus celsius (verifique o termômetro), transporte o tambor para o topo do andaime, onde deverá estar posicionado o ventilador. Ligue o ventilador na máxima potência e vá despejando gradualmente os flocos na corrente de vento.

Se preferir, instale diversos ventiladores espalhados por vários andaimes e contrate pessoas para realizar a distribuição dos flocos.

Espero que gostem da receita!!!

Quem mora em regiões mais secas e quentes deve conhecer um tipo de neve parecido proveniente de vegetação queimada.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Compras de Natal

Chegam as festas, mês de dezembro e tudo fica enfeitado para receber o Papai Noel. Decoração de Natal ostensiva nas ruas, luzinhas espalhadas, casas com enfeites... Só se for no Brasil! Aqui, pra variar, a decoração de Natal reflete o entusiasmo que eles não demonstram.

Algumas lojas ficam abertas também no domingo, mas fecham religiosamente 19:30 durante a semana. Supermercados abrem também no domingo, fechando em horários meio diferentes.

Os produtos de Natal, no entanto, até estão presentes nas prateleiras. Nozes, castanhas, panetones e pan d'oro espalhados das mais diversas marcas! Tem até um Pan d'oro de Profiteroles! O relato de uma tentativa de passeio sexta-feira de noite é mais ou menos o seguinte:
Saí da aula 17:00 e fui até minha casa, deixei o material, peguei o casaco mais pesado (o frio chegou em questão de 2 horas) e saí pra rua. Cheguei no centro da cidade por volta de 18:30. Legal, as lojas devem ficar abertas até mais tarde em época de Natal, dá pra olhar direitinho as coisas e depois ainda sobra um tempo pra ir no McDonald's (ainda com a máquina de milk-shake quebrada).

Ledo engano: fechamento 19:30 como sempre. Passeio encerrado mais cedo, sábado tento novamente. Dessa vez não deu pra ver tudo direito por outro motivo: MUITA gente andando na rua e nas lojas.

Os italianos lotam as ruas somente no sábado de noite e no domingo pela manhã. Compras fora desse horário não me parecem comuns. Não se procura uma hora mais vazia pra sair às lojas, pra não pegar "trânsito". Pra não ser injusto, a cidade faz uma iluminação em algumas ruas em dezembro, mas não em virtude das festas, mas como uma exposição.Na

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Europa? Prosperidade?

Há muito eu tenho percebido e escrito (principalmente falado) sobre os problemas italianos e sobre as características muito peculiares do país. Adotando a filosofia de mostrar os problemas de maneira bem humorada, fazendo com que as pessoas vejam que nem tudo são flores no continente europeu ou, pelo menos, em uma país que se diz parte da Europa.

O Jornal "New York Times" publicou, hoje, uma reportagem cujo título é "Mais velha e mais pobre, a Itália está em depressão". O único ponto contra é que é restrita a assinantes do portal hospedeiro. Vou passar algumas das idéias aqui:

Política
A política aqui é muito burocrática, obscura até. Pois os dados não mentem: A Itália possui a maior frota de veículos públicos (usados exclusivamente por autoridades) com motoristas. Os legisladores italianos são os melhor remunerados da Europa.

Tecnologia
Aqui a citação é direta, ele falou tudo:
"O modo de vida de baixa tecnologia da Itália pode seduzir os turistas, mas o uso da Internet e do comércio eletrônico aqui estão entre os mais baixos da Europa, assim como os salários, investimento estrangeiro e o crescimento. As aposentadorias, a dívida pública e o custo do governo estão entre os mais altos."


Gastos inúteis
"Mesmo a presidência, considerada acima da confusão, não foi poupada; o livro [O Castelo] apontou o custo anual do gabinete em US$ 328 milhões, quatro vezes o do Palácio de Buckingham." E olha que a rainha não tem um estilo de vida exatamente "discreto". Sua segurança é muito presente. O presidente da república italiana gasta 4 vezes mais que a rainha.

A lista continua mas eu não posso copiar e colar tudo, seria plágio. O texto está muito bem escrito e reflete, de uma maneira sustentada em dados, os outros posts que eu tenho no Blog. Obviamente os meus são baseados em experiências vividas, que compõem o problema maior ilustrado por Ian Fisher, autor.

A impressão que eu tenho não é isolada, a questão é que a união de alguns fatores, especificamente a baixa "conectividade" dos italianos os impede de enxergar, talvez, mais a fundo. É difícil achar um bom telejornal na Itália. Os jornais gratuitos, com notícias pela metade ou com reputação duvidosa existem às toneladas, inclusive na porta da Universidade, e quase todo italiano pega um. A maioria deles o descarta (no chão ou deixa na mesa) logo após terminar o Sudoku ou a Palavra Cruzada. Ei, não são todos! Eu estudo com um grupo de pessoas que faz parte de uma elite intelectual. O Politecnico di Torino é uma das instituições de excelência européias.

Agora, uma coisa que, infelizmente, parece que o brasileiro não aprende, assim como o italiano: Apatia política não leva o país pra frente, ao contrário, favorece a manipulação e a crise.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Direto e reto

Me avisaram que o italiano tem um jeito bem direto de ser, isto é, responde às perguntas sem pensar que poderia dar um esclarecimento para resolver um eventual problema. Ou seja, se você perguntou pra ele se "naquele ponto passa o ônibus que vai para a Praça do Castelo" ele vai se limitar a responder "sim" ou "não". Mesmo que saiba exatamente qual é o ônibus correto, se ali não for o local, você corre o risco de gastar mais uma pergunta: "E onde devo pegar tal ônibus?".

O jeito direto e reto nas relações interpessoais, no entanto, não acontece somente nessas situações. Um excelente exemplo é o uso do e-mail. Para uma comunicação com professores, normalmente se usa um linguagem formal e uma introdução ao assunto, para que não fique um texto muito "seco".

Veja o exemplo abaixo:
De: Aluno
Para: Professor
Mensagem:
Prezado Professor,

No calendário consta que a prova da sua disciplina será no início de setembro. Como estarei no Brasil até o dia 4 daquele mês e chego em Torino no dia 5 no final da tarde, gostaria de saber quando será a prova para que possa organizar os estudos. Se possível, gostaria, também, de saber o horário e o local da prova.

Saudações,
Aluno

A resposta vem assim:
De: Professor
Para: Aluno
Mensagem:
[sem interlocutor] Dia 6, 9:30, biblioteca do departamento. [sem assinatura]


Como o meu vôo chegaria no final da tarde, procurei saber se, caso ocorresse um atraso, se eu poderia fazer a prova excepcionalmente em uma data posterior, de acordo com a disponibilidade dele:
Mensagem:
Prezado Professor,

Como estou sujeito a um eventual atraso, gostaria de saber se essa é a última data disponível para realização da prova?

Obrigado novamente,
Aluno

Resposta:
[sem interlocutor] "Sim" [sem assinatura]

Eu não posso reclamar que ele não respondeu minha(s) pergunta(s), mas poxa, custava falar algo do tipo: "A data é essa, mas se ocorrer algum problema, entre em contato assim que possível e veremos se é possível fazer alguma coisa". Até hoje, de todos os e-mails trocados com italianos, 10% têm mais de uma linha na resposta. Menos ainda têm o nome da pessoa no corpo da mensagem ou letras maiúsculas de acordo com a regra gramatical. Outro exemplo:
"oi estou aqui no laboratório terminando o texto pra entregar. amanhã levo para você ver. tchau"

Não é economia de linha, é uma tradução quase exata!

domingo, 9 de dezembro de 2007

Bardonecchia

A cidade de Bardonecchia se localiza nos Alpes Italianos, a uma hora e meia de Torino. Ontem estive lá procurando por neve, para brincar um pouco com esse estado físico da água. Fazia aproximadamente 18 anos que eu não tinha contato com uma quantidade decente e, mais importante, verdadeira com a neve!!

Não nevou lá enquanto eu estive visitando, mas na minha jornada rumo aos 1800m de altitude na montanha (de teleférico, claro) eu tive a oportunidade de ver muita neve, muitas árvores com os galhos nevados e, claro, arremessar bolinhas de neve na minha companheira de viagem.

O chocolate quente foi ótimo pra dar um ânimo pra sair novamente e enfrentar os 3 graus (esses negativos) e conseguir caminhar.

Bardonecchia é um refúgio de endinheirados e turistas. Quem consegue ter um chalé ali na montanha pode desfrutar de um excelente final de semana nas pistas. Falta, obviamente, aquele burburinho que os paulistanos vão buscar em Campos do Jordão nos meses de inverno brasileiro, mas a diversão diurna é garantida!

Agora é olho na previsão, a frente fria vem chegando e tudo indica que teremos nevadas em breve até mesmo aqui, na cidade de Torino. Bardonecchia ainda será meu destino algumas outras vezes, da próxima vez, pra esquiar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Neve?

Torino fica na latitude 45 Norte a 200m de altitude mais ou menos (em relação ao nível do mar). Nessa época de novembro/dezembro, é quando chega a primeira neve na Europa. Um amigo finlandês já disse que Helsinki está branca faz uns 20 dias mas a primeira neve boa mesmo chegou semana passada. Outro amigo na Alemanha falou que já nevou lá, mas pouco, só 1 dia.

E Torino continua igual, nem um floco. Em 2005 (último ano em que nevou aqui), a primeira nevada aconteceu por volta de 20 de novembro. Hoje é 7 de dezembro e nada!

Apesar de clichê, a resposta é correta: Aquecimento Global. A paisagem alpina já não conta mais com a neve eterna (pelo menos na cadeia de montanhas visível de Torino) e neve aqui é já história que pouca gente viu, já que as turmas vão se renovando a cada ano e pouca gente viu a cidade com neve.

Os italianos comemoram o fato de não nevar. Acham ótimo, mas eles esquecem de um fato muito importante: Quem resolveu morar aqui fomos nós. Ou seja, a natureza não pediu pra alguém sofrer os infortúnios trazidos por nevascas fortes (essas, de acordo com uma amiga italiana, não ocorre desde 96).

Deixando de lado o fato de que eu quero ver nevar, o assunto merece um mínimo de reflexão. Quem se lembra do clima como era antigamente e como é hoje? No local onde mora mesmo. Os Alpes, por exemplo, são paisagem fácil: antigamente eram brancos até no verão, agora são marrons.

Não comemorem a ausência do fenômeno natural, mas prestem atenção no fenômeno artificial que está ocorrendo!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Detector de metais

Cidade do Vaticano. Após uma fila de mais ou menos 1 hora e meia, consigo chegar à bilheteria e, logo depois, ao detector de metais do Museu do Vaticano. O Museu é onde ficam toneladas e toneladas de obras de arte e, também, a Capela Sistina. Boa parte dos turistas passa correndo por todas as suas salas para chegar à Obra Prima de Michelangelo.

Como bom mochileiro, estava equipado com ingredientes e instrumentos para confecção de sanduíches e consumo de iogurtes. Entre esses instrumentos, uma faca.

O detector de metais armou um escândalo, que não foi maior do que o armado pelo guarda responsável, que gritava praticamente na minha orelha: “De quem é esta mochila aqui?”. Eu, timidamente, respondi que era minha e já olhando pra tela, vi a faca lá.

- De onde você veio? – Perguntava o guarda.
- Brasil – Eu disse.
- Ah... Brasil... Então deixe a faca ali no guarda-volumes e pode entrar.

Ele não conferiu se eu era brasileiro nem me acompanhou até o guarda volumes. O que me leva crer que algumas nacionalidades não estariam autorizadas a entrar com facas no sagrado museu.

Depois da visita, fomos até a Basílica de São Pedro, praça principal do Vaticano onde o Papa abençoa os fiéis. Já esperando o mesmo problema, minha surpresa, o guarda nem perguntou de quem era a mochila e simplesmente ignorou a faca.

São políticas de segurança italianas. Aqui não pode entrar com faca, ali pode. Onde tá escrito? Ah... isso ninguém sabe mesmo, me falaram...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Lado B, Lado A, Série B, Série A

Eu sou são-paulino, tenho um grande amigo palmeirense, outro gremista que morou em Goiás e alguns amigos corinthianos. Hoje, todos estão felizes, menos os corinthianos. Mas só tenho a dizer:
O São Paulo perdeu
O Palmeiras perdeu
O Santos perdeu
O Grêmio empatou
A diferença é que nenhum desses resultados afetou os torcedores desses times negativamente, mas todos ficaram felizes porque o Corinthians caiu pra Série B. Como disse pra alguns amigos, durmam bem hoje que amanhã é segunda. Aliás, 2008 é segunda no brasileirão!!!

Pra quem quiser entender os dizeres acima de qualquer outra maneira, tudo bem, mas eu só comecei falando disso porque queria comparar o futebol no Brasil com o futebol na Itália. Só por isso.

A Juventus de Turim caiu pra Série B do Campeonato Italiano em 2006 porque participou de um esquema de compra de resultados no campeonato. Viradas de mesa à parte, voltaram ganhando (no campo) o campeonato e agora estão novamente na Elite. O Torino, outro time de Turim, festejou a queda do rival duas vezes: 1 - o rival caiu (óbvio); 2 - o Torino subiu.

Percebe-se, no italiano, o mesmo tipo de desculpas do futebol brasileiro. Quando o time está por baixo ou muito por baixo, no caso do Corin... Juventus, o torcedor pode virar fanático ou então justificar com "Intriga da oposição". Normal, claro, aí começa a botar desculpa no outro time que "entregou o jogo" etc.

Mas a vida é assim. A torcida é igualzinha... Briga, quebra tudo, causa perda de "mando" de jogo, vai presa, mata policial que mata torcedor que mata outro torcedor e assim o futebol, um esporte, vai andando.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Turismo em cidades italianas

A Itália é um país extremamente turístico. Os destinos são inúmeros, a História é rica e os italianos muito acolhedores. Existe uma particularidade que quem já conhecem bem pode confirmar, que é o formato geral da cidade italiana. As agências de turismo e os escritórios de informações turísticas fornecem mapas com os pontos mais importantes. Cada uma das cidades é composta por 2 itens-chave na sua composição:

  • Igreja
  • Praça
Esses dois não faltam nunca e estão sempre listados nos mapas como pontos turísticos sob os nomes:
Igreja: Chiesa, Duomo, Catedrale.
Praça: Piazza (Com o detalhe: Piazza raramente tem algum sinal de vegetação).

Aí algumas presenças obrigatórias mas não listadas nos mapas a não ser que seja realmente especiais: Gelateria, Café, Pizza al taglio.
A gelateria dispensa apresentações, o melhor sorvete do mundo é italiano. O café já foi abordado anteriormente no Blog e, finalmente, a pizza al taglio que basicamente vende fatias de pizza.

Como decoração, algumas das cidades contam ainda com mercadinhos, feirinhas ou muros medievais de proteção. Finalmente, podemos também encontrar torres ou castelos.
É quase como um jogo de colorir, ou mesmo um SimCity, onde se adiciona qualquer tipo de edifício no jogo pra dar a cara que quiser à cidade.

O turista chegando na cidade planeja:
Meio dia para ver o Duomo e a Piazza central/mais importante e comer uma pizza al taglio. Ele pode combinar quaisquer itens e montar um dia turístico. Talvez por isso uma viagem por aqui de mais de 10 dias se torne cansativa pra quem gostaria, por exemplo, de ver prédios modernos ou arranha-céus, objetos de post recente.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sacolas de Supermercado

No Brasil especificamente, ninguém nunca parou pra pensar quanto se paga pelas sacolas de supermercado. Sim, se paga por elas, mas o custo é colocado já nos produtos vendidos pela loja. Aqui é diferente, elas também têm preço e código de barras.

A primeira vez que no supermercado é até bem engraçada. Compra, 3 sacolinhas, pra aproveitar e usar no lixo depois e o preço final: Compra + €0,12 de sacolas. Sim, cada uma das sacolas de plástico pequenas custa €0,04 (R$0,11). Tem uma maior e um pouco melhor que sai por €0,15 (R$0,40) e outra ainda maior e custa €0,50 (R$1,40).

O que é feito, então, é: Compra-se da sacola um pouco melhor (€0,15 no meu caso) e se usa várias vezes. Aí, como acostumados que estamos a ver o jeitinho brasileiro, o pensamento que é inevitável: "Será que não vão achar que estou roubando do supermercado?". A resposta é óbvia, "não", e o motivo disso é simples: As pessoas acreditam em você no supermercado.

Novamente acostumados com o jeitinho brasileiro:
"Então se eu pegar sacolas e fingir que levei, não preciso pagar?". A resposta também é óbvia embora a pergunta não deveria nem ser feita. Não, acreditarão em você. Mas se o gasto com sacolas, da parte do supermercado, aumentar muito, com certeza os produtos vão subir de preço ou então as sacolas passarão a sair de graça.

De graça = custo embutido nos preços. Lembre-se, o supermercado não vai nivelar por baixo. A sacola de €0,50 com certeza não vai sair de graça, então quem perde? O esperto perde, claro. Ele não paga nunca a sacola mas começa a pagar depois. E quem é que vai ser o primeiro a reclamar do aumento? O esperto!

É uma pena, mas tem muita gente assim por aqui. Depois ganhamos uma fama que eu mesmo não posso contestar como sendo errada, por mais que não faça. Espero que, por enquanto, eu seja a regra e não a exceção.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Avanti popolo, facciamo sciopero!

Greve, substantivo feminino, cessação voluntária e coletiva do trabalho, decidida por assalariados para obtenção de benefícios materiais e/ou sociais, como melhoria das condições de trabalho, direitos trabalhistas etc., ou ainda para se garantirem as conquistas adquiridas que, porventura, estejam ameaçadas de supressão. Fonte: Houaiss.

A reivindicação dos direitos trabalhistas é, também, um direito. Eu entendo, mas discordo, de algumas modalidades de greve. Até isso, que teoricamente é uma coisa simples, é complicado aqui.
Simples: Não tem ônibus e pronto.

Vamos ao modo como funciona:
Inicialmente, não é greve de ônibus, é greve de transportes. Não, não transportes públicos, transportes. Sexta-feira, gentilmente denominada "Venerdì nero" ou "Sexta-feira negra" aqui na Itália significa que a greve atinge todos os setores de transporte possíveis (nesse caso, setor público). É que, nesse caso, a Alitalia, que ainda me parece ser do Governo Italiano, entra em greve. Não entra no meu conceito de transporte público, mas deixemos isso de lado.

Os ônibus em Torino, operados pela empresa GTT (Gruppo Torinese Trasporti), vão ficar parados por 8 horas no dia. Das 4:00 às 6:00, das 9:00 às 12:00 e das 15:00 às 18:00. Nas janelas entre esses horários, o serviço é normal.

Os trens, esses da Trenitalia/Ferrovia dello Stato, param entre 9:00 e 17:00 (8 horas) e a Alitalia e controladores de vôo outro período.

Eu volto a insistir: Por que facilitar o que pode ser complicado? Só o tempo que os grevistas levarão para parar o serviço por 3 horas e retomá-lo normalmente, já é uma coisa sem sentido. Greve séria mesmo é aquela que se faz no Brasil: pára TUDO. Metrô, CPTM (SP), SPTrans (SP), suspende-se o rodízio, anulam-se as multas (nem recurso de infração precisa) e o dia inteiro não tem o serviço (em geral vai).

Ah, lembrando que aqui tudo já fecha um dia por semana mesmo (dia útil), com greve, não se chega a lugar algum de ônibus.

(O ponto de vista do usuário, não entro no mérito das reivindicações. Se eu já reclamo do governo e me sinto maltratado por ele, imagina quem é seu funcionário).

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Não arranhemos o céu

A frase acima é o título de um grupo de discussão bem sério que está trabalhando por uma causa. Mas antes, eu explico mais ou menos o que aconteceu.

O Banco "Intesa/San Paolo" é um grande grupo bancário da Itália e, recentemente, encomendou um projeto para construção de um edifício para sua sede. O prédio seria construído em Torino. Digo "seria" construído porque já tem gente trabalhando contra.

Ao meu ver, o progresso modifica algumas das características das cidades e dos países, apresenta novas tecnologias e modifica. Não aqui. A movimentação para que não seja construído o novo prédio é tão grande que o projeto já está, como muita coisa visando o progresso, congelado.

As justificativas variam, dizendo que tem espaço suficiente no centro da cidade, que existem muitos escritórios vazios etc. O que eu acho que se esquece é que o centro da cidade é tão velho (não antigo, velho) que não comporta necessariamente um escritório que necessite de algumas tecnologias mais novas, grande número de computadores e sistemas de informação.

O que a Itália está tentando, e tem conseguido, é segurar o progresso como pode. Linhas de trem de alta velocidade existem poucas (muito poucas). A ligação com a França não sai porque tem grupos que não querem que seja construído um túnel. O prédio não vai sair porque senão vai ficar mais alto do que o atual símbolo da cidade (embora seja bem afastado dele).

Quem precisa de progresso? Se prender a tradição é o atalho para o futuro!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Contas e mais contas

Chega um período do mês em todas as contas estão por vencer, os pagamentos devem ser colocados em dia e a corrida aos bancos ou casas lotéricas é grande. Cenário comum para a maioria dos brasileiros.

Aqui na Itália temos, para pagar: Aluguel, Telefone/internet, luz e gás. Simples, 4 contas, 4 vencimentos por mês, nenhuma complicação. Claro que, pra o sistema não ser tão simples, as empresas conseguiram bolar um esquema bem pior. Vamos a ele:
A conta de telefone vence de 2 em 2 meses e considera o consumo telefônico dos meses passados. A internet, que vem na mesma conta, por sua vez, é cobrada dos 2 meses seguintes. A conta de gás chega de 4 em 4 meses e considera dois meses passados e dois meses adiantados. A conta de luz, até hoje, não consegui entender e o aluguel vence todo mês dia 10.
Complicado? Pois é.

Não preciso dizer que elas vencem em dias diferentes e raramente coincidem no mesmo mês, mas quando isso ocorre, imagine-se pagando, ao mesmo tempo: 2 meses de telefone, 2 de internet, 4 de gás, 2 de luz e 1 de aluguel. É uma bolada.
Novembro tivemos sorte, chegou a conta do gás só.

sábado, 24 de novembro de 2007

Horário de Almoço

Muitos contam com uma hora de almoço, que é pouco, mas pelo menos ajuda a matar a fome e dar uma relaxada entre dois períodos do dia. Na faculdade (aqui e no Brasil) eu conto com 2 horas para essa atividade, oficialmente. Às vezes me parece muito, mas sei que vai fazer falta quando eu estiver trabalhando.

Os horários de almoço (ou “pausa pranzo” em italiano) variam muito aqui na Itália, sendo que praticamente nenhum deles é menor do que 1 hora e meia. Recolhendo alguns exemplos, consegue-se achar as coisas mais bizarras, vamos a elas:

Banco – 13:30 às 14:45

Loja de eletrônicos – 12:30 às 15:30

Papelaria – 12:00 às 15:00

Acho que dá pra ter uma idéia. E todos esses negócios abrem religiosamente no horário e fecham em torno de 10 minutos antes. Então, ao tentar entrar na loja de eletrônicos 12:20, você é barrado. “Estamos fechando” diz o atendente.

Claro, isso não evita o fechamento semanal. Domingo não abre, ponto. Mas um dia por semana a loja ou é fechada ou abre só meio período. A mesma loja de eletrônicos não abre segunda-feira de manhã.

O mais engraçado é que o horário de almoço não serve para nada além de comer mesmo. Aquela filosofia de dar uma passadinha ali na hora do almoço pra adiantar um serviço não se aplica. Invariavelmente após o expediente também não se encontra nada mais aberto. Então começa um jogo de montar horários, encaixas os meus horários livres com os horários de abertura das lojas e serviços e tentar colocar atividades nos horários de fechamento.

A vizinhança também faz variar um pouco esse cronograma. Supermercados da mesma rede fecham em dias diferentes dependendo da vizinhança. A maioria deles, no entanto, funciona durante o horário de almoço pelo menos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Sbrubbles

Entrar numa fila tem a única concepção de procurar a última pessoa na ordem de chegada e me colocar logo atrás, esperando que todos façam o mesmo. Questão de respeito, quem chegou antes, entra antes.

Não preciso dizer que aqui não funciona assim. Ontem mesmo eu estava na padaria (sempre ela) procurando pãozinho pra comer de noite, mas descobri que ele acaba muito antes do que eu imaginava. A minha descoberta ocorreu, obviamente, depois que um senhor entrou na padaria e passou na minha frente como se eu não existisse. Comportamento esse que foi adotado também pela atendente, que tinha me vista ali mas resolveu atendê-lo antes.

Quando eu vejo uma fila eu ainda tenho o péssimo costume de ir até o final dela. Mas estou mudando! O dizer: “Se você está em Roma, faça como os romanos” é muito bem pensado. E sabe que comecei a ser até mais respeitado por fazer isso?

É verdade que não posso sempre furar a fila, mas sempre que posso eu furo sem me sentir mal! É uma experiência muito gratificante, deixa um pouco mais leve.

Por exemplo, na fila pra entrar no restaurante universitário, é fácil, é só se colocar conversando com um amigo mais ou menos no meio dela e, conforme for andando, você vai andando junto e pronto, passou. No supermercado, por exemplo, não dá. O que eu faço quando alguém tenta passar à minha frente é dizer que eu estava naquele lugar. A pessoa resmunga (normalmente bem alto), mas sai e eu me torno o centro dos olhares. Imagino o que passa pela cabeça das pessoas: “Que absurdo ele seguir a fila... onde já se viu?”.

Acho que, pra fechar e ilustrar o exemplo: Imagine que alguém chega pra você e fala que, a partir daquele momento, você deverá fazer sbrubbles. Você faz idéia do que seja isso? Não? Pois é... É o som que faz a palavra “fila” quando se fala italiano. Qual será a palavra equivalente no Brasil?

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Crise ferroviária

Ninguém precisa ser expert em turismo pra saber que época de Natal e Ano Novo é alta temporada de viagens. Também não precisa ser expert em economia pra saber que invariavelmente as passagens aéreas (até mesmo as low cost) são caríssimas nessa época.

O prudente é comprar com antecedência, pra ser eficiente e conseguir assegurar um lugar no final do ano pra passar as festas. Eu escolhi o trem.

Situando: Plano de viagem de aproximadamente 1100Km entre Torino e Reggio di Calabria, na casa de uma amiga minha. Tudo acertado, vi os preços dos trens e fui tentar comprar a passagem pra dia 22 de dezembro. Eis que não existe o trem no site, nem mesmo um comunicado. Já acostumado com o esquema de não conseguir a informação sempre no lugar mais conveniente (no próprio site) fui até a estação.

Chegando lá, sou informado que os trens serão inseridos no sistema na segunda-feira dia 12 de novembro. Ah, pelo menos espero mais uns dias e chega a informação, que bom.

Dia 12: nada. 13: nada... 14, 15... 19 finalmente aparecem os trens. Fui até a estação comprar, no final da tarde, e os bilhetes esgotados. Poxa, vacilei, demorei, mas o funcionário me informa que ainda não foram inseridos no sistema todos os trens. Até o momento um mísero trem entre Torino e Reggio di Calabria.

Eu nunca me contento com meias explicações e hoje descobri o motivo pelo qual os trens ainda não estão no sistema. Pasmem: O Estado italiano ainda não fechou o contrato com a empresa que administra a rede ferroviária que, por sua vez, não pode fechar o contrato com a empresa que opera os trens. Sem o dinheiro do Estado para a primeira, a segunda não pode operar também. Ah bom, o governo está demorando mais do que o esperado pra fechar um contrato (quem nunca ouviu isso afinal?). O único problema é que tanto a empresa administradora da rede quanto a empresa que opera os trens SÃO ESTATAIS!

Essencialmente, é tirar dinheiro do bolso esquerdo e passar pro direito, pra depois colocar no bolso de trás! Claro, não sem antes gastar algumas centenas de páginas em papéis inúteis.

E assim caminha a humanidade, o Brasil com crise aérea, a Itália com crise ferroviária, a França com greve de transporte público há 8 dias (o país está parado). E viva a eficiência!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

30 e lode

O título é uma representação literal do maior desejo dos estudantes italianos. O mítico 30 e lode. Situando melhor: As notas das provas aqui variam entre 0 e 30, cuja mínima para aprovação é 18 e a máxima possível, quando se demonstra completo domínio do assunto, é o 30 com honras (lode).

A parte cômica é, no entanto, a quase obsessão deles por notas altas. Estudar na Itália é uma tarefa complicada para quem vem de uma cultura como a brasileira onde, quem é Politécnico sabe, o fato de ser aprovado na matéria já é a vitória. Aqui é diferente, valoriza-se a nota.

Na faculdade, muitos alunos depois de terminarem a prova oral (sim, oral) recebem a nota do professor. Suponhamos um 27. Isso pra mim equivale a 9, excelente nota para qualquer matéria que seja. Ele olha, pensa e RECUSA a nota. Isso quer dizer que ele não vai levar aquela nota e terá a chance de tentar de novo no próximo oferecimento da prova (em geral são 3).

Chega-se ao cúmulo de ocorrer um diálogo assim:

- Ah, quanto você tirou na matéria X?

- Tirei 25

- Poxa, sinto muito.

Sinto muito eu por você achar que isso é uma nota baixa. Eu fico imaginando um cara desse na minha faculdade no Brasil. Bom, isso seria um outro post.

Não é exagero meu não. A percepção de que o esquema decoreba predomina aqui não é só minha. Os estudantes brasileiros em geral percebem e, conversando com uma professora italiana, ela me fez ver dois problemas:

1- O italiano estuda menos pra aprender e mais pra ir bem, esquecendo quase tudo em pouco tempo;

2- Os países cujas empresas não exigem nota, mas exigem desenvoltura do candidato à vaga acabam sugando os cérebros italianos pra eles, deixando a Itália sem seus melhores profissionais.

A discussão toda pode se alongar demais, mas que o 30 e lode é uma palavra mágica e uma espécie de “falsa chave-mestra” isso é.

Além disso, com esse método decora-passa-esquece valorizado aqui por tantos professores, um curso de leitura dinâmica ou memorização talvez vendesse bem, muito bem. Slogan “30 e lode ou seu dinheiro de volta”.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Cruzamentos, esquinas e afins

O blog agora tem uma seção de links. Tais links levarão a páginas que tenham relevância aos temas abordados, verifiquem, fica logo acima do “Arquivo do Blog”. O primeiro foi uma indicação de uma amiga italiana que mostra mais ou menos o contraste entre Europa e Itália, o vídeo é bem famoso há algum tempo e se encaixa perfeitamente no Blog.

O trânsito. Andar de carro ou dirigir aqui na Itália são atividades que se traduzem como uma aventura radical. Tive algumas chances de pegar caronas ou de andar de taxi e, boa parte delas, foi “adrenalina pura”.

Na minha vida de pedestre, no entanto, percebo o efeito sutil, quase subjetivo que a lei de trânsito exerce sobre os motoristas. Quase todas as crianças brasileiras (desconheço as daqui, vejo pouquíssimas e falo com menos ainda), aprendem na escola que o semáforo tem três cores: vermelho, amarelo e verde. Para cada uma delas, existe um significado e um comportamento que deve ser adotado, ditado pela Lei. No caso do Brasil, o Código Nacional de Trânsito e aqui, o Codice della Strada.

Verde

Brasil: Siga.

Itália: Siga.

Verde e Amarelo

Brasil: Não existe.

Itália: Siga (Teoricamente é o sinal amarelo em Torino, mas o significado é esse).

Amarelo

Brasil: Atenção! Se estiver atravessando, siga, se estiver antes da faixa de pedestres, pare.

Itália: Embora o sinal esteja fechando, buzine algumas vezes e passe. Prepare-se para desviar de algum pedestre.

Vermelho

Brasil: Pare ou, se estiver de noite ou com muita pressa ou ninguém olhando, siga com cautela

Itália: Passe buzinando, prepare-se para reduzir a velocidade caso ninguém tenha ouvido sua buzina ou se algum pedestre resolver atravessar na faixa.

A minha conclusão é que tanto no Brasil quanto na Itália, o semáforo é freqüentemente desrespeitado. A questão é que o italiano encara o semáforo mais como uma “sugestão” de comportamento do que uma Lei. Prova disso é que raramente algum cruzamento conta com radares para multar os infratores como se vê freqüentemente no Brasil.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um cafezinho bom!

Existe uma coisa que os italianos apreciam muito e se sentem orgulhosos por apreciar: o café. Eles não têm produção do café em si, mas pelo que pude perceber isso não influencia em nada.

O café não uma bebida nem um item pós-almoço, é um verdadeiro ritual. Tomar o café Vergnano é diferente de tomar o Lavazza ou o DL ou o Illy etc. etc. etc..

A imensa variedade disponível nos bares (e de bares, por que não dizer?) também deixa os forasteiros um pouco perdidos (perdidos e ponto final, quase nunca se aprende). Imagine só que ao pedir um café no bar, o que você receberá dali a 30 segundos é uma xícara pequena (do cafezinho brasileiro) com metade do seu volume cheio de um líquido preto.

Situação normal do bar: peço um café. Não gosto de café puro (mais forte aqui do que no Brasil, onde já não era acostumado a tomá-lo) e peço com um pouco de leite. Sou prontamente corrigido pelo barista:

- Macchiato - (manchado em português) - caldo o freddo?

Sim, se ele adicionar a gota de leite quente ou frio também é diferente, é outro café.

E a lista é longa: macchiato freddo, macchiato caldo, lungo, cappuccino etc.

Quando comentei outro dia com um italiano que eu prefiro um café um pouco maior, numa caneca maior, aprendi um aspecto muito importante, da influência da cultura estadunidense no Brasil. Palavras dele:

“O café americano é aquele grande e aguado, servido num copo tampado. Aquilo não é café. O único lugar onde se bebe o café da maneira correta é na Itália”. A maneira correta à qual ele se refere é em pequenas doses e bem forte.

Interessante é, também, observar o costume que os bares têm de servir um copinho de vidro pequeno com um gole (literalmente) de água com gás junto ao café. Bebe-se antes para preparar o paladar para o gosto acentuado do café ou então se bebe depois para tirar o gosto do café da boca.

Resumindo: O “café italiano”, o ritual, se bebe em 3 ou 4 goles. Se vier somente a xícara de café: três goles; com o copinho d’água: quatro goles. A exceção fica por conta do cappuccino, único que permite mais de cinco goles no mesmo ritual.

Além disso a etiqueta é severa: Convidou? Pague!

domingo, 18 de novembro de 2007

Compras

A ida ao supermercado já não é exatamente razão para euforia, mas como é algo que se precisa fazer, arrisquei ir no sábado, por volta de meio-dia. Acontece que devido a uma série de fatores, sábado não é o melhor dia para ir ao supermercado.

Manhã:

Quem acorda cedo aproveita pra ir cedo, pra pegar a maioria dos produtos recém-colocados na prateleira. Geladeira de iogurtes cheia, açougue com bandejas de carne recém cortadas e colocadas ali, grande variedade de caixa de macarrão (óbvio, estamos na Itália!!!) etc. Resultado: Cheio de gente. Fui uma vez e nunca mais, evitar o acotovelamento.

Horário do Almoço:

Pra evitar a turba da manhã, digamos, entre 9:00 e 12:00, escolhe-se ir entre 12:00 e 14:00. Esse é o horário em que as pessoas que pretendem almoçar um pouco mais tarde vão fazer suas compras. Mas dessa vez parece que as pessoas que fazem compras para o mês inteiro também resolveram aparecer. Acordaram com calma, tomaram um café-da-manhã e finalmente saíram com seus carros para chegar à loja. Resultado: Cheio de gente com carrinhos cheios de produtos. Infelizmente foi o horário que eu estava lá, no trânsito de carrinhos.

Logo após o almoço:

Entre 14:00 e 16:00 a variedade de produtos reduz drasticamente, só se encontra a pasta Barilla em forma de gravatinhas ou de parafusos, a única bandeja de lingüiça que sobrou é da lingüiça picante. Tentei já 2 vezes e sempre foi uma experiência frustrante.

Final do expediente:

Qualquer momento entre 16:00 e 20:00 seria somente para compras de emergência. Pãozinho fresco não tem mais, pasta Barilla só sobrou mesmo a gravatinha, iogurte tem do sabor café (mas não baunilha e morango), carne é missão impossível. Também já tentei algumas vezes mas nada.

Aí o que se pensa? Ah, vou deixar pra ir amanhã, domingo, que as coisas devem estar novamente fresquinhas. Aí você dá com a cara na porta, domingo é fechado!!!

No caso, quarta-feira de tarde também é fechado (fechamento semanal oras, como assim trabalhar TODOS os dias úteis? Francamente, onde já se viu?).

Ah, o outro supermercado também tem fechamento semanal, mas é segunda-feira, abre só às 15:00. E assim vai, pelo menos restaurante não fecha pra almoço.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Este lugar está vazio?

A pergunta pode parecer retórica, mas não é. Particularmente em alguns cenários. Vou ilustrar dois deles aqui.

Trem:

Viajar de trem tem todo aquele apelo romântico dos filmes, os campos verdes e as paisagens bucólicas e pastoris que só uma viagem sobre trilhos nos permite apreciar. Entra-se no trem e o vagão está até bem ocupado, pra cada assento livre, duas pessoas no trem. Aí eu paro ao lado de um assento livre, começo a tirar a mochila das costas e a pessoa se adianta a avisar: “Está ocupado”. Ligeiramente me movo dali pra um outro e, na terceira tentativa, acho o assento livre² (sim, ao quadrado, não basta não ter ninguem agora, não pode ter ninguém dali a alguns minutos também).

A mesma coisa pode ser aplicada às salas de aula. Você chega adiantado, mas pega o lugar no fundo, porque todos eles já estão ocupados. É uma espécie de coronelismo entre os mais fortes ou os que têm mais amigos ali dentro. Mas isso é outra coisa.

Ônibus (transporte coletivo):

Entra-se no ônibus, que está levando mais ou menos a lotação máxima de pessoas e casacos enormes de inverno (Cada pessoa ocupa um espaço equivalente a 1,5). É um enorme esforço pra passar da porta, já que todo mundo que vai descer na décima parada a partir dali já se prepara pra descer e fica bloqueando a entrada.

Como dizia... Entro ali, tanta gente em pé só pode significar uma coisa: Lotação total, vou ter que achar um local pra mim em pé. Surpreendentemente vejo um assento livre. Educadamente, ofereço à senhora ao meu lado se gostaria de se sentar e ela recusa, dizendo que já vai descer (na quinta parada a partir dali... mas isso é um relato futuro). Espero mais uns segundos e vejo que ninguém nem se manifesta, nem faz menção de pegar o lugar. Sento, leio minha revista, e saio.

Agora o que me intriga é, com tantos lugares livres-ocupados nos trens, porque os italianos não se sentam nos lugares livres-livres dos ônibus coletivos? Pior, mesmo com o ônibus vazio muitos viajam em pé (distâncias longas). Vai entender?

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Amo muito tudo isso!!

Hoje foi a vez do McDonald’s. Recebi alguns cupons de promoção, pra comer pagando pouco nas lojas da rede aqui em Torino. Não é de graça, mas pelo menos eu ganharia uma caixa de nuggets com o meu Big Mac.

Faço meu pedido e, depois que a atendente conseguiu aplicar o desconto do cupom, solicito o Milk-Shake que a Carol iria tomar. Claro, assim eu comia um almoço bem atrasado e ela me acompanharia num milk-shake.

A resposta da atendente foi a mesma que me deram há mais ou menos um mês: “A máquina está quebrada, não temos sorvetes nem Milk-Shakes”. 1 mês amigos, 30 dias que a máquina está quebrada!!! Será que os técnicos estão em greve? (Greve aqui é muito comum... abram um jornal e leiam: greve na França, greve na Alemanha).

O modelo de negócios do McDonald’s seria fast-food. Obviamente o “fast”aqui é relativo, bem longe de significar velocidade para os conceitos brasileiros. Até que fui servido rapidamente hoje, só 5 minutos de espera.

O que não dá, e isso eu hoje entendo, é continuar comendo sorvete de casquinha de lá e achar que é bom, depois de provar as sorveterias artesanais italianas (“le gelaterie italiane”).

Que atire a primeira pedra quem nunca comeu, mas eu adoro McDonald’s.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Desculpe, uma pergunta por vez...

Parece um pedido simples, mas a situação em que cheguei a essa conclusão foi bem diferente do usual. Morar na Europa sem a existência de um centro esportivo pra um futebolzinho com os amigos na sexta-feira, depois da aula de Resistência de Estruturas, me fez procurar uma academia para fazer natação.

A piscina sempre tinha (porque não sou louco de ir nadar no inverno) em torno de 8 a 10 pessoas por raia, o que tornava impraticável a natação. Eu me sentia dentro de um caldeirão cozinhando.

Bom, resolvi descobrir se a piscina esvaziaria ou não antes do meu horário de nadar, o diálogo que se segue é mais ou menos assim:

Eu: Boa noite, gostaria de saber a que horas terminam as aulas que estão acontecendo agora.
Funcionário: Depende, qual aula você quer saber?

(Eram 2 aulas apenas... natação e hidroginástica)

Eu: A da primeira raia.
Ele: Primeira raia?

(Primeira raia, tinha uma “primeira” raia de um lado da piscina e uma “primeira” raia do outro, resolvi esclarecer)
Eu: É, essa aqui ó (apontando pra ele a raia)
Ele: Ah, a aula de Aquagym (que é lido, em italiano, aquagimã)

(Repetindo a pergunta)
Eu: Sim, a que horas termina?
Ele: às 20:00.

(Até aqui tudo bem, ele me respondeu perfeitamente, mas eu caí na infelicidade de continuar)

Eu: Quanto à outra aula, de natação, mesma hora?
Ele: Olha, você me perguntou de Aquagym, qual você quer saber?

(Sem entender muito bem a dificuldade na minha pergunta, respondo)
Eu: As duas
Ele: A de Aquagym termina às 20:00.

Eu desisti... Não tem sentido continuar... De repente ele desmaia por ter pensado demais, tem que chamar ambulância. Melhor não, resolvi esperar e nunca descobri o horário de término da aula de natação.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Estréia

Caríssimos leitores, aqui estou. Aqui, também, começa o blog que pretende passar um pouco das facetas da vida na península itálica, continente europeu!

Temo, e eu me incluía nesse grupo, a mania de não valorizar muito o local original de nossa vida. Via de regra queremos fugir, partir pra um lugar melhor, com mais desenvolvimento e senso se cultura. Eis que uns conseguem, e nesse grupo eu ainda me incluo, sair do país original e ir estudar num desses territórios ditos evoluídos, "primeiro-mundo" para os mais familiarizados com o conceito.

Me propus uma tarefa simples e corriqueira alguns minutos atrás: Comprar um pão na padaria (Sabe quando dá vontade de comer um pão?? Poxa, a Itália faz excelentes pães, a França faz excelentes baguetes e, estando na região da Itália mais próxima da França, sucesso garantido).

Chego na padaria, são 18:15, horário em que todos estão voltando pra casa dos seus trabalhos, passam na padaria e compram um pãozinho que é feito com a mesma massa da baguete, certo? ERRADO. A padaria, essa hora, já não tem mais pão. "Tutto finito" insiste a balconista. Eu pergunto: "Não sai outra fornada?" e aí ela assume uma postura típica da sua cultura (como o Hulk fica verde e aumenta de tamanho, sabem?) e responde, com aquele sorriso da também italiana Gioconda (Monalisa, talvez mais comum): "Ma guardi, tutto finito!" que traduzido para o português seria: "Olha aqui, tudo acabado".

Afinal, por que uma padaria deveria ter pães às 18:15???

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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