sexta-feira, 4 de abril de 2008

Alitalia em naufrágio

Leitores, sei que o post de ontem já falou de Alitalia, mas ontem mesmo encontrei um BLOG italiano que estava refletindo sobre o caso. Para os que pensam que sou duro demais com os italianos, vejam a opinião de um próprio. Um raro exemplo de cabeça que pensa fora da caixa. Traduzi diretamente do site dele. O impressionante é a similaridade da opinião do autor com a minha.

"Existe um país que parece ter sido feito propositalmente para ter uma companhia aérea voando. Tem 60 milhões de habitantes e uma formação natural que faz do vôo o modo de transporte preferível a qualquer outro. É bonito, assim os turistas de todo o mundo o consideram um destino privilegiado. Se encontra no centro do Mediterrâneo, entre o Leste e o Oeste, entre Norte e Sul. Como é possível, então, que sua companhia aérea esteja naufragando?

Simplicíssimo: Entre suas numerosas e valiosas especialidades, os habitantes deste país possuem uma deletéria: consideram as empresas como institutos de beneficência. As suas empresas são todas voltadas a elas próprias. Os clientes são considerados desagradáveis incumbências, os serviços são prestados com má-vontade e os funcionários procuram trabalhar menos para ganhar mais, sem olhar em volta para ver como funciona o mercado. Quando afundam a empresa, exigem que o governo intervenha para cobrir as perdas com dinheiro público, coisa que o governo faz com prazer porque considera a tal empresa como reservatório de votos.

Esse é precisamento o caso da Alitalia. Está afundando e os funcionários não procuram fazê-la subir novamente, mas somente salvar os seus postos de trabalho. Parecem os passageiros do Titanic que dançam à música de violinos enquanto o navio afunda. A Air France fez uma tentativa de salvamento, mas teve de se render porque os sindicatos se opõem à demissão de 2600 funcionários supérfluos. Até mesmo as crianças sabem que, sem se desfazer do lastro, não se pode voar. De acordo com as leis do mercado a Alitalia deveria falir de uma vez, mas as injeções de dinheiro público a mantiveram precariamente voando. Agora os motores fundem porque os franceses não são um instituto beneficente, pouco se importam com os votos e querem produtividade. Assim, querida Alitalia, para ter recusado um verdadeiro plano de salvamento agora resta escolher entre a falência e Berlusconi, come se diz: entre a peste e a cólera. Dá pra cair mais ainda?"

3 comentários:

Unknown disse...

Hahah, otimo o comentario desse menino, ele pegou bem a essencia do tipo de pensamento de seu povo!

bjos

Vô Neno disse...

Vejam só! Alguém (italiano) anda lendo os blogs do Marcelo e embarcando no mesmo padrão de "apreço" com que êle se manifesta em relação aos assuntos domésticos envolvendo os habitantes da "BOTA".
Porém, na linha do bloguista italiano, pode estar surgindo uma nova geração, com energia e espírito para recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento e da dignidade do seu povo.
Gostaria muito que assim fosse!

Anônimo disse...

Acho difícil, considerando alguns descendentes que conheço. E olha que mora no primeiro mundo, em outro continente, mas ainda anda com tacape e roupa de pele de urso. Não tem jeito. Que vá embora a Alitalia e outra venha à substituí-la.