domingo, 30 de dezembro de 2007

Aeroportos Europeus

Eu não sou um grande expert em aeroportos europeus, mas como entusiasta da aviação e, por conseqüência, aeroportos e tudo o que diz respeito a eles, me sinto livre pra comentar sobre uma outra reportagem que encontrei na internet. O texto original em inglês (Herald Tribune) pode ser encontrado aqui. O UOL postou também uma versão traduzida que talvez exija uma conta de e-mail do portal.

O interessante da reportagem é ler o que está escrito sobre a Itália, especificamente o aeroporto de Roma. Não vou estragar a surpresa, mas recomendo a leitura.

Minha experiência aeroportuária se resume a algumas visitas, que exponho na ordem de primeira ocorrência e número de ocorrências:
Paris/Charles de Gaulle (3 vezes) - França
Milão (2 vezes) - Itália
Vienna (1 vez) - Áustria
Paris/Orly (1 vez) - França
Amsterdam (1 vez) - Holanda
Genebra (1 vez) - Suíça
Bergamo (1 vez) - Itália
Düsseldorf (1 vez) - Alemanha
Helsinki (1 vez) - Finlândia
Tampere (1 vez) - Finlândia
Stansted (1 vez) - Inglaterra
Luton (1 vez) - Inglaterra
Torino (2 vezes) - Itália

A lista só serve pra comparação com a reportagem, mas posso dizer que:
A fila de controle de passaportes (tanto faz se é cidadão ou não) em Stansted é absurda. 90 minutos é o tempo que levei pra ser verificado e liberado.

As esperas são longas em todos, isso é fato. Só com raras exceções se consegue levar menos de meia hora pra fazer uma das atividades normais de aeroporto.

O irônico é que o Aeroporto de Paris, que foi dado como péssimo, nunca me deu problemas e sempre foi relativamente satisfatório. Acho que é porque eu gosto e curto essas visitas. Fiz uma caminhada de meia hora entre meu avião da Itália para Paris e o próximo, que iria pra São Paulo. Fui observando tudo. Tive 2 horas de intervalo entre vôos, então fiz tudo com calma.

Roma, pra ser honesto, não conheço, mas Milão é uma bagunça. O vôo chega e tem que esperar alguém pra trazer a escada até o avião. Depois a esteira de malas demora pra começar a rodar e, de quebra, a caminhada por túneis é longa e tediosa. Sem falar que não tem absolutamente nada de interessante pra fazer (nem uma arquitetura bonita).

Torino é mais simpático, mas não tem cara de aeroporto, tem cara de rodoviária de São Paulo - Tietê num domingo 13:00. Onde alguns poucos partem e outros chegam, sem nada aberto quase. 2 restaurantes e uma banca de jornais, basta.

O ponto interessante é o reflexo, na reportagem, do serviço ao consumidor italiano. Fique claro: Você, consumidor, é um infortúnio, um péssimo incômodo para os funcionários. Não peça ajuda, não espere clareza nas informações, afinal tá tudo escrito (onde, não sei, mas está).

Essas empresas de vôos low-cost escolhem aeroportos secundários, terciários ou quase inexistentes para pousar/decolar. É quase como se a discussão fosse:
- Hmmm, Aquela rodovia ali, se pousarmos, já entregamos os passageiros com o menor custo... Ah, tem que ser num aeroporto??? Droga...

Aí constrói-se um galpão de madeira e gesso acartonado (isolamento acústico ZERO, pq custa muito, embora o gesso permita isso), colocam umas 5 mesinhas e uma máquina de raio-x. Aí chamam aquilo de TERMINAL 2. E vc, passageiro, fica lá sentado esperando. É o preço para se voar low-cost!!.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Natal Italiano

Ser bem recebido tinha um conceito diferente antes dos 3 dias que passei em Reggio di Calabria, no Sul extremo da Itália. Na verdade, foi ainda mais ao sul, porque a cidade se chama Condofuri Marina.

A refeição natalina começou dia 23 e terminou no dia 25 de noite. Quase non- stop com coisas deliciosas pra comer.

Os moldes da refeição são geralmente assim:
Antepasto, Primo, Secondo, Fruta, Doce, Café (tem mistura de português e italiano na frase mesmo ok?).

O Antepasto é alguma coisa simples, como uns queijos, azeitonas etc., nenhuma novidade pra nós brasileiros. O primo, por sua vez, é alguma coisa diferente. Servido à base de massa, sempre, e com uma porção que normalmente já equivale a um almoço. O Secondo é carne (também em grandes porções) e geralmente acompanhado da salada (italiano come salada no final da refeição).

As frutas (típicas da região e principalmente cítricas) são servidas em um grande cesto. As "clementinas" são ótimas porque não passam de miniaturas de poncãs sem semente. Finalmente, quando se pensa que já acabou, servem um doce e oferecem café.

Finalmente, A Ceia de Natal:
Começa-se cedo, por volta de 20:00, e ficamos à mesa até por volta de 23:00. Tudo isso com aquele fluxo de coisas boas pra comer diretamente do forno. O mais diferente que notei foram os pratos à base de peixe e frutos do mar. Não foi servido tender, peru ou qualquer coisa desse tipo.

O almoço de Natal, ao invés de contar com sobras do dia anterior, contou com uma nova carne, dessa vez de cordeiro, muito macia.

As sobras serviram para o pequeno lanche da noite do dia 25. O "petisco" que fizemos foi tão completo quanto um lanche caseiro do Brasil. O famoso "Lanche Festivo".

O Sul da Itália. O povo do sul da Itália é muito acolhedor e eles fazem o possível e o impossível para deixar os hóspedes confortáveis. Se você é hóspede, será bem tratado e, via de regra, será servido. Ou seja, não lava louça, não tira a mesa, não põe a mesa e tudo o mais que se oferece normalmente pra fazer e dar um ajuda.

Só tenho a agradecer pelo excelente Natal que passei no Sul da Bota.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Pizza

A famosa Pizza Italiana!!! Muita gente espalha pelo Brasil que a nossa é melhor, que os italianos inventaram mas não fazem tão bem etc.

Bom, cada um gosta de uma coisa, mas que são diferentes (e muitos boas) isso são!

Inicialmente, os sabores que temos no Brasil mudam muito. Margherita, por exemplo, só conta com a folha de manjericão no sul da Itália (ainda a confirmar). Aqui seria o equivalente a pedir uma pizza de mozzarella (ou mussarela em brasileiro*) entre outros.

Mas vamos às diferenças reais da pizza em si:
Massa
Eles valorizam muito a massa, talvez pela tradição das "pastas" italianas. A massa é ligeiramente mais fina que a do Brasil e é muito gostosa, quase sempre crocante e sem o gosto de queimado freqüente nas pizzas tupiniquins. Sempre fica menos esfarelada. Difícil de explicar na verdade.

Recheio
Aí entra realmente o que mais choca os brasileiros: pouco queijo. Estamos acostumados a pedir uma pizza de mussarela e receber um círculo de mais ou menos uns 45cm de diâmetro com muito queijo derretido em cima. Aqui o valor maior é o molho de tomate. A Margherita deles é um círculo coberto de vermelho e pontos brancos. O vermelho é o molho (delicioso) de tomate e o branco, a mussarela.

Tamanho
A pizza aqui também não é como a normalmente servida nas pizzarias brasileiras. Tem um tamanho reduzido. Individual. Servida num prato grande mas que uma pessoa come sozinha.

Além disso, aqui nunca vi pizza com borda recheada, talvez porque não se encontre catupiry.

Eu não entro no mérito de qual pizza é melhor porque gosto das duas. E daqui a poucos dias vou experimentar a pizza napolitana. Essa dizem que é campeã!!! Veremos!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Cadeira de Rodas

Ônibus não muito cheio, pessoas sentadas e lugares vazios. Uma mulher estava com seu bebê em um carrinho e ocupava a vaga central do meio de transporte, a mesma designada e reservada a pessoas com mobilidade reduzida e/ou que usem cadeira de rodas.

O bom senso, que não tem tradução em italiano (pelo menos que eu conheça), indica que, quando não houver nenhum passageiro nas condições descritas acima, tais assentos podem ser utilizados livremente.

Em uma das paradas, uma mulher empurrava seu filho, em uma cadeira de rodas, pra dentro do ônibus, depois da ajuda da motorista (sim, mulher motorista de ônibus e desceu pra instalar a rampa pra cadeira de rodas). Prontamente, desocupei meu assento, dando lugar para a mãe do bebê, permitindo que ela movesse o carrinho onde ele dormia e deixasse livre a área designada para a cadeira de rodas. O carrinho enganchou, elas soltaram e, assim que liberaram o local, a passageira que empurrava a cadeira de rodas disse:
- Eh, aqui é o local para "disabili*"!! - Fazendo questão de pronunciar em alto e bom tom sua indignação por não ter encontrado o lugar livre dentro do ônibus.

*algo como handicapped em inglês e deficiente em português.

A moça que se prontificou a liberar o local tão logo viu a cadeira de rodas do garoto (e eu garanto, foi antes de abrir a porta do ônibus) ficou inconformada. Mesmo fazendo tudo certo ainda levou bronca.

Tá certo que é raro alguém aqui ceder lugar para idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou mesmo para mulheres gestantes (aliás, eu nunca vi uma mulher grávida desde que cheguei aqui... interessante isso...), mas nesse caso todos tentaram ajudar.

É incrível que, quando você pensa em ajudar alguém, é melhor ter certeza de que a única pessoa que vai se sentir bem com isso é você mesmo. Não espere ser valorizado. Eu mesmo já cansei de deixar o meu lugar para outras pessoas sentarem no ônibus e nunca receber nem mesmo um obrigado.

O cúmulo foi, relato de um amigo não verificado, quando ele ofereceu seu lugar a uma senhora e ela imediatamente colocou o cachorro (pequeno) sentadinho no banco do ônibus. É cada uma.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Posso ajudá-lo [a furar a fila]?

Já escrevi uma vez falando sobre filas e também já postei falando mais ou menos como funcionam atendimentos em geral. Agora o post é combinado, mas a situação é adversa também. A fila e o atendimento estão ligados.

Cheguei na papelaria para comprar um envelope e tinha uma pessoa na minha frente sendo atendida. Eu ainda insisto na teimosia de esperar e formar um fila, mesmo sabendo que não adianta pra nada.

Aí chegou minha vez, a atendente gentilmente perguntou: "Como posso ajudá-lo?" para o infeliz que estava atrás de mim. Como todo cidadão civilizado, seria natural esperar que ele, também gentilmente, comunicasse: "Ele estava na minha frente". Obviamente isso não teria virado um post para o blog se esse fosse o desfecho da história, portanto, o que ele fez?
Ele começou a pedir as coisas que queria. Eu fiz aquela cara de poucos amigos, olhei pra trás, resmunguei alguma coisa e a atendente se virou pra mim perguntando se eu já tinha sido atendido.

Simulando um comportamento italiano, respondi secamente: "Não, por isso estou na fila, gostaria, por favor, de um envelope". Ela me atendeu e pediu desculpas (pro infeliz que estava atrás de mim, não pra mim, que tinha sido deliberadamente ignorado).

Pois é. Se consegue, mas é uma selva! Respeito raramente é demonstrado por aqui mesmo, especialmente e principalmente com consumidores. Ah Procon, como faz falta poder usar seu nome por aqui.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Negócios

Imagino que alguma notícia sobre a falência e recuperação financeira da Alitalia, companhia aérea de "bandeira" italiana (A que representa o país), tenha aparecido nos jornais brasileiros. Caso não tenha acontecido, o resuminho é mais ou menos esse:

A Alitalia é do Governo Italiano (preciso continuar?) e está falindo. Má administração, enrolação, leis conflitantes e muita gente com vontade de botar a mão no bolo.

O caminho natural é a recuperação. O Governo tem recebido propostas e deverá analisá-las para dar uma resposta até o meio de janeiro. O prazo atual (meio de janeiro) é o quarto ou quinto estabelecido pelo "agilíssimo" governo.

Desde o ano passado os prazos são estabelecidos e sistematicamente ignorados, atrasando ainda mais a decisão sobre quem ficará com a companhia. O interessante é que existem, no momento, duas propostas concretas:
1 - AirOne e Banca San Paolo, o que manteria a Alitalia na mão de um italiano
2 - AirFrance (seria como se as Aerolineas Argentinas comprassem a VARIG ou a Air Canada comprasse a American Airlines).

Não sai da minha cabeça que esses adiamentos ocorrem porque a proposta dos franceses (que devo dizer, dão um show de competência e excelência no serviço) é infinitamente superior à dos italianos. Mas o orgulho nacional (que ainda existe, apesar daquela reportagem do NYTimes que comentei outro dia) é grande demais pra vender a companhia pros franceses.

Resultado: Dá pra confiar quando um italiano fala, numa reunião de negócios, que "vai te dar uma posição sexta-feira"? Talvez até dê, mas a julgar pela postura dos representantes do povo (sim, os políticos representam o povo), não se pode levar a sério praticamente nada do que diz um italiano sobre prazos, negócios e compromissos.

Enquanto isso a Alitalia voa, batendo asinhas como pode.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desperdício de Papel

Não é difícil encontrar um tema do qual os italianos gostam muito de falar. Criticam outros povos (literalmente os franceses e os americanos) porque poluem muito. Os franceses com suas usinas nucleares e os americanos com o desperdício (de tudo) na América do Norte.

Claro que qualquer povo tende a criticar outro sem olhar pro próprio umbigo, vide brasileiros criticando argentinos, sendo que eles têm uma qualidade de vida melhor e formam um povo que não tolera qualquer explicação esfarrapada de político. Mas, o post é sobre a Itália.

Junta a fome com a vontade de comer, aí o circo está montado. O italiano vê uma impressora e um comando "stampare" (imprimir em italiano) e clica. Se ele precisa daquilo em forma "cartacea" (papélica? papelácea? enfim...) é outro problema. Logo ao lado da impressora já se encontra um enorme lixo especial para reciclagem de papel.

Situação:
- Caspita, imprimi 20 páginas erradas, todas elas com o verso EM BRANCO que poderiam me servir perfeitamente de rascunho nas aulas e nos exercícios pra fazer nos cursos, vou guardar e imprimir novamente, dessa vez conferindo se a coisa está certa - diria qualquer personagem da Terra Perfeita (Aquele mundo sem resistência do ar e sem atrito).

Italiano:
- Caspita (ou piores)! [jogando tudo no lixo sem amassar ou rasgar]

(E uma galera lá em Bali, tentando convencer o mundo e eles mesmos de que o ambiente está pedindo socorro. Às vezes eu penso que a realeza deveria ser plebéia e vice-versa, por um dia. Talvez funcionasse e tudo ficasse claro.)

Eu que não sou bobo sempre pego umas folhas desses lixos. Como são exclusivos pra papel, é só retirar dali um calhamaço de folhas com pelo menos 70% de área branca pra usar à vontade, ao invés de gastar dinheiro comprando novas. As florestas agradecem e os finlandeses não tanto, eles que produzem muito papel, aliás.

E podemos começar a listar tudo o que [não] faz um italiano para economizar. Um francês, um estadunidense, um brasileiro, um finlandês, um alemão...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Nevou

Sim, amigos, finalmente!!!!

Os posts dos blogs italianos (leia-se, o Blog 10h24min do meu amigo José) são um pouco repetitivos, mas o motivo é nobre. O aquecimento global existe, mas ainda permitiu uma nevada em Torino. Começou por volta de 10:30 e atingiu seu pico de intensidade por volta de 12:15. Tive o prazer de caminhar debaixo da neve entre 12:30 e 12:50.

É uma sensação interessante. Quando entra no olho então, genial!!!! O mais engraçado é quando gruda na testa. Você tenta limpar e se molha. Descrever o aspecto da neve é complicado, mas acho que lendo a receita abaixo, todos podem entender como é mais ou menos.

Neve Artificial, o inverno num país tropical!
Ingredientes:

- Telhado térmico;
- Jornal (de preferência acumulado por uma semana);
- Tambor de metal com tampa;
- Tinta branca (spray de preferência de secagem muito rápida);
- 1 fósforo e sua caixa;
- Andaime (10m são suficientes);
- Ventilador;
- Ar condicionado;
- Termômetro.

Modo de preparar:
- Instale o telhado térmico no seu quintal ou área murada de aproximadamente 200m².
- Instale o ar-condicionado e regule-o para a temperatura de 2 graus Celsius (porque quem fala centígrado está dizendo uma coisa diferente de celsius e que não tem o mesmo sentido).
Enquanto o ar condicionado refrigera o ambiente, separe todas as páginas dos jornais, amasse-as e coloque-as dentro do tambor metálico.
- Acenda um fósforo dentro do tambor metálico e tampe de modo a permitir passagem de ar para a combustão.
(Vale dizer que se quiser aumentar a nevasca, basta usar mais jornal)
Ao final do fogo, dentro do tambor estarão milhares, senão milhões, de flocos de jornal queimado pretos. O truque aqui é usar o spray de modo a tingir todos os flocos de branco. Faça isso apontando o spray pra dentro do tambor por 10 segundos. Logo após, mexa o tambor de modo a misturar os flocos e repita a operação até obter uma coloração satisfatória. Reserve.

Quando o ambiente atingir a temperatura de 2 graus celsius (verifique o termômetro), transporte o tambor para o topo do andaime, onde deverá estar posicionado o ventilador. Ligue o ventilador na máxima potência e vá despejando gradualmente os flocos na corrente de vento.

Se preferir, instale diversos ventiladores espalhados por vários andaimes e contrate pessoas para realizar a distribuição dos flocos.

Espero que gostem da receita!!!

Quem mora em regiões mais secas e quentes deve conhecer um tipo de neve parecido proveniente de vegetação queimada.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Compras de Natal

Chegam as festas, mês de dezembro e tudo fica enfeitado para receber o Papai Noel. Decoração de Natal ostensiva nas ruas, luzinhas espalhadas, casas com enfeites... Só se for no Brasil! Aqui, pra variar, a decoração de Natal reflete o entusiasmo que eles não demonstram.

Algumas lojas ficam abertas também no domingo, mas fecham religiosamente 19:30 durante a semana. Supermercados abrem também no domingo, fechando em horários meio diferentes.

Os produtos de Natal, no entanto, até estão presentes nas prateleiras. Nozes, castanhas, panetones e pan d'oro espalhados das mais diversas marcas! Tem até um Pan d'oro de Profiteroles! O relato de uma tentativa de passeio sexta-feira de noite é mais ou menos o seguinte:
Saí da aula 17:00 e fui até minha casa, deixei o material, peguei o casaco mais pesado (o frio chegou em questão de 2 horas) e saí pra rua. Cheguei no centro da cidade por volta de 18:30. Legal, as lojas devem ficar abertas até mais tarde em época de Natal, dá pra olhar direitinho as coisas e depois ainda sobra um tempo pra ir no McDonald's (ainda com a máquina de milk-shake quebrada).

Ledo engano: fechamento 19:30 como sempre. Passeio encerrado mais cedo, sábado tento novamente. Dessa vez não deu pra ver tudo direito por outro motivo: MUITA gente andando na rua e nas lojas.

Os italianos lotam as ruas somente no sábado de noite e no domingo pela manhã. Compras fora desse horário não me parecem comuns. Não se procura uma hora mais vazia pra sair às lojas, pra não pegar "trânsito". Pra não ser injusto, a cidade faz uma iluminação em algumas ruas em dezembro, mas não em virtude das festas, mas como uma exposição.Na

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Europa? Prosperidade?

Há muito eu tenho percebido e escrito (principalmente falado) sobre os problemas italianos e sobre as características muito peculiares do país. Adotando a filosofia de mostrar os problemas de maneira bem humorada, fazendo com que as pessoas vejam que nem tudo são flores no continente europeu ou, pelo menos, em uma país que se diz parte da Europa.

O Jornal "New York Times" publicou, hoje, uma reportagem cujo título é "Mais velha e mais pobre, a Itália está em depressão". O único ponto contra é que é restrita a assinantes do portal hospedeiro. Vou passar algumas das idéias aqui:

Política
A política aqui é muito burocrática, obscura até. Pois os dados não mentem: A Itália possui a maior frota de veículos públicos (usados exclusivamente por autoridades) com motoristas. Os legisladores italianos são os melhor remunerados da Europa.

Tecnologia
Aqui a citação é direta, ele falou tudo:
"O modo de vida de baixa tecnologia da Itália pode seduzir os turistas, mas o uso da Internet e do comércio eletrônico aqui estão entre os mais baixos da Europa, assim como os salários, investimento estrangeiro e o crescimento. As aposentadorias, a dívida pública e o custo do governo estão entre os mais altos."


Gastos inúteis
"Mesmo a presidência, considerada acima da confusão, não foi poupada; o livro [O Castelo] apontou o custo anual do gabinete em US$ 328 milhões, quatro vezes o do Palácio de Buckingham." E olha que a rainha não tem um estilo de vida exatamente "discreto". Sua segurança é muito presente. O presidente da república italiana gasta 4 vezes mais que a rainha.

A lista continua mas eu não posso copiar e colar tudo, seria plágio. O texto está muito bem escrito e reflete, de uma maneira sustentada em dados, os outros posts que eu tenho no Blog. Obviamente os meus são baseados em experiências vividas, que compõem o problema maior ilustrado por Ian Fisher, autor.

A impressão que eu tenho não é isolada, a questão é que a união de alguns fatores, especificamente a baixa "conectividade" dos italianos os impede de enxergar, talvez, mais a fundo. É difícil achar um bom telejornal na Itália. Os jornais gratuitos, com notícias pela metade ou com reputação duvidosa existem às toneladas, inclusive na porta da Universidade, e quase todo italiano pega um. A maioria deles o descarta (no chão ou deixa na mesa) logo após terminar o Sudoku ou a Palavra Cruzada. Ei, não são todos! Eu estudo com um grupo de pessoas que faz parte de uma elite intelectual. O Politecnico di Torino é uma das instituições de excelência européias.

Agora, uma coisa que, infelizmente, parece que o brasileiro não aprende, assim como o italiano: Apatia política não leva o país pra frente, ao contrário, favorece a manipulação e a crise.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Direto e reto

Me avisaram que o italiano tem um jeito bem direto de ser, isto é, responde às perguntas sem pensar que poderia dar um esclarecimento para resolver um eventual problema. Ou seja, se você perguntou pra ele se "naquele ponto passa o ônibus que vai para a Praça do Castelo" ele vai se limitar a responder "sim" ou "não". Mesmo que saiba exatamente qual é o ônibus correto, se ali não for o local, você corre o risco de gastar mais uma pergunta: "E onde devo pegar tal ônibus?".

O jeito direto e reto nas relações interpessoais, no entanto, não acontece somente nessas situações. Um excelente exemplo é o uso do e-mail. Para uma comunicação com professores, normalmente se usa um linguagem formal e uma introdução ao assunto, para que não fique um texto muito "seco".

Veja o exemplo abaixo:
De: Aluno
Para: Professor
Mensagem:
Prezado Professor,

No calendário consta que a prova da sua disciplina será no início de setembro. Como estarei no Brasil até o dia 4 daquele mês e chego em Torino no dia 5 no final da tarde, gostaria de saber quando será a prova para que possa organizar os estudos. Se possível, gostaria, também, de saber o horário e o local da prova.

Saudações,
Aluno

A resposta vem assim:
De: Professor
Para: Aluno
Mensagem:
[sem interlocutor] Dia 6, 9:30, biblioteca do departamento. [sem assinatura]


Como o meu vôo chegaria no final da tarde, procurei saber se, caso ocorresse um atraso, se eu poderia fazer a prova excepcionalmente em uma data posterior, de acordo com a disponibilidade dele:
Mensagem:
Prezado Professor,

Como estou sujeito a um eventual atraso, gostaria de saber se essa é a última data disponível para realização da prova?

Obrigado novamente,
Aluno

Resposta:
[sem interlocutor] "Sim" [sem assinatura]

Eu não posso reclamar que ele não respondeu minha(s) pergunta(s), mas poxa, custava falar algo do tipo: "A data é essa, mas se ocorrer algum problema, entre em contato assim que possível e veremos se é possível fazer alguma coisa". Até hoje, de todos os e-mails trocados com italianos, 10% têm mais de uma linha na resposta. Menos ainda têm o nome da pessoa no corpo da mensagem ou letras maiúsculas de acordo com a regra gramatical. Outro exemplo:
"oi estou aqui no laboratório terminando o texto pra entregar. amanhã levo para você ver. tchau"

Não é economia de linha, é uma tradução quase exata!

domingo, 9 de dezembro de 2007

Bardonecchia

A cidade de Bardonecchia se localiza nos Alpes Italianos, a uma hora e meia de Torino. Ontem estive lá procurando por neve, para brincar um pouco com esse estado físico da água. Fazia aproximadamente 18 anos que eu não tinha contato com uma quantidade decente e, mais importante, verdadeira com a neve!!

Não nevou lá enquanto eu estive visitando, mas na minha jornada rumo aos 1800m de altitude na montanha (de teleférico, claro) eu tive a oportunidade de ver muita neve, muitas árvores com os galhos nevados e, claro, arremessar bolinhas de neve na minha companheira de viagem.

O chocolate quente foi ótimo pra dar um ânimo pra sair novamente e enfrentar os 3 graus (esses negativos) e conseguir caminhar.

Bardonecchia é um refúgio de endinheirados e turistas. Quem consegue ter um chalé ali na montanha pode desfrutar de um excelente final de semana nas pistas. Falta, obviamente, aquele burburinho que os paulistanos vão buscar em Campos do Jordão nos meses de inverno brasileiro, mas a diversão diurna é garantida!

Agora é olho na previsão, a frente fria vem chegando e tudo indica que teremos nevadas em breve até mesmo aqui, na cidade de Torino. Bardonecchia ainda será meu destino algumas outras vezes, da próxima vez, pra esquiar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Neve?

Torino fica na latitude 45 Norte a 200m de altitude mais ou menos (em relação ao nível do mar). Nessa época de novembro/dezembro, é quando chega a primeira neve na Europa. Um amigo finlandês já disse que Helsinki está branca faz uns 20 dias mas a primeira neve boa mesmo chegou semana passada. Outro amigo na Alemanha falou que já nevou lá, mas pouco, só 1 dia.

E Torino continua igual, nem um floco. Em 2005 (último ano em que nevou aqui), a primeira nevada aconteceu por volta de 20 de novembro. Hoje é 7 de dezembro e nada!

Apesar de clichê, a resposta é correta: Aquecimento Global. A paisagem alpina já não conta mais com a neve eterna (pelo menos na cadeia de montanhas visível de Torino) e neve aqui é já história que pouca gente viu, já que as turmas vão se renovando a cada ano e pouca gente viu a cidade com neve.

Os italianos comemoram o fato de não nevar. Acham ótimo, mas eles esquecem de um fato muito importante: Quem resolveu morar aqui fomos nós. Ou seja, a natureza não pediu pra alguém sofrer os infortúnios trazidos por nevascas fortes (essas, de acordo com uma amiga italiana, não ocorre desde 96).

Deixando de lado o fato de que eu quero ver nevar, o assunto merece um mínimo de reflexão. Quem se lembra do clima como era antigamente e como é hoje? No local onde mora mesmo. Os Alpes, por exemplo, são paisagem fácil: antigamente eram brancos até no verão, agora são marrons.

Não comemorem a ausência do fenômeno natural, mas prestem atenção no fenômeno artificial que está ocorrendo!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Detector de metais

Cidade do Vaticano. Após uma fila de mais ou menos 1 hora e meia, consigo chegar à bilheteria e, logo depois, ao detector de metais do Museu do Vaticano. O Museu é onde ficam toneladas e toneladas de obras de arte e, também, a Capela Sistina. Boa parte dos turistas passa correndo por todas as suas salas para chegar à Obra Prima de Michelangelo.

Como bom mochileiro, estava equipado com ingredientes e instrumentos para confecção de sanduíches e consumo de iogurtes. Entre esses instrumentos, uma faca.

O detector de metais armou um escândalo, que não foi maior do que o armado pelo guarda responsável, que gritava praticamente na minha orelha: “De quem é esta mochila aqui?”. Eu, timidamente, respondi que era minha e já olhando pra tela, vi a faca lá.

- De onde você veio? – Perguntava o guarda.
- Brasil – Eu disse.
- Ah... Brasil... Então deixe a faca ali no guarda-volumes e pode entrar.

Ele não conferiu se eu era brasileiro nem me acompanhou até o guarda volumes. O que me leva crer que algumas nacionalidades não estariam autorizadas a entrar com facas no sagrado museu.

Depois da visita, fomos até a Basílica de São Pedro, praça principal do Vaticano onde o Papa abençoa os fiéis. Já esperando o mesmo problema, minha surpresa, o guarda nem perguntou de quem era a mochila e simplesmente ignorou a faca.

São políticas de segurança italianas. Aqui não pode entrar com faca, ali pode. Onde tá escrito? Ah... isso ninguém sabe mesmo, me falaram...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Lado B, Lado A, Série B, Série A

Eu sou são-paulino, tenho um grande amigo palmeirense, outro gremista que morou em Goiás e alguns amigos corinthianos. Hoje, todos estão felizes, menos os corinthianos. Mas só tenho a dizer:
O São Paulo perdeu
O Palmeiras perdeu
O Santos perdeu
O Grêmio empatou
A diferença é que nenhum desses resultados afetou os torcedores desses times negativamente, mas todos ficaram felizes porque o Corinthians caiu pra Série B. Como disse pra alguns amigos, durmam bem hoje que amanhã é segunda. Aliás, 2008 é segunda no brasileirão!!!

Pra quem quiser entender os dizeres acima de qualquer outra maneira, tudo bem, mas eu só comecei falando disso porque queria comparar o futebol no Brasil com o futebol na Itália. Só por isso.

A Juventus de Turim caiu pra Série B do Campeonato Italiano em 2006 porque participou de um esquema de compra de resultados no campeonato. Viradas de mesa à parte, voltaram ganhando (no campo) o campeonato e agora estão novamente na Elite. O Torino, outro time de Turim, festejou a queda do rival duas vezes: 1 - o rival caiu (óbvio); 2 - o Torino subiu.

Percebe-se, no italiano, o mesmo tipo de desculpas do futebol brasileiro. Quando o time está por baixo ou muito por baixo, no caso do Corin... Juventus, o torcedor pode virar fanático ou então justificar com "Intriga da oposição". Normal, claro, aí começa a botar desculpa no outro time que "entregou o jogo" etc.

Mas a vida é assim. A torcida é igualzinha... Briga, quebra tudo, causa perda de "mando" de jogo, vai presa, mata policial que mata torcedor que mata outro torcedor e assim o futebol, um esporte, vai andando.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Turismo em cidades italianas

A Itália é um país extremamente turístico. Os destinos são inúmeros, a História é rica e os italianos muito acolhedores. Existe uma particularidade que quem já conhecem bem pode confirmar, que é o formato geral da cidade italiana. As agências de turismo e os escritórios de informações turísticas fornecem mapas com os pontos mais importantes. Cada uma das cidades é composta por 2 itens-chave na sua composição:

  • Igreja
  • Praça
Esses dois não faltam nunca e estão sempre listados nos mapas como pontos turísticos sob os nomes:
Igreja: Chiesa, Duomo, Catedrale.
Praça: Piazza (Com o detalhe: Piazza raramente tem algum sinal de vegetação).

Aí algumas presenças obrigatórias mas não listadas nos mapas a não ser que seja realmente especiais: Gelateria, Café, Pizza al taglio.
A gelateria dispensa apresentações, o melhor sorvete do mundo é italiano. O café já foi abordado anteriormente no Blog e, finalmente, a pizza al taglio que basicamente vende fatias de pizza.

Como decoração, algumas das cidades contam ainda com mercadinhos, feirinhas ou muros medievais de proteção. Finalmente, podemos também encontrar torres ou castelos.
É quase como um jogo de colorir, ou mesmo um SimCity, onde se adiciona qualquer tipo de edifício no jogo pra dar a cara que quiser à cidade.

O turista chegando na cidade planeja:
Meio dia para ver o Duomo e a Piazza central/mais importante e comer uma pizza al taglio. Ele pode combinar quaisquer itens e montar um dia turístico. Talvez por isso uma viagem por aqui de mais de 10 dias se torne cansativa pra quem gostaria, por exemplo, de ver prédios modernos ou arranha-céus, objetos de post recente.